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São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 2003

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TRABALHO ESCRAVO

Decisão atinge também irmã de ex-deputado; acusação é de irregularidades em fazenda da família no Pará

Justiça decreta a prisão de Augusto Farias

MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Justiça Federal no Pará decretou a prisão temporária do ex-deputado Augusto Farias (PPB-AL) e de sua irmã, Eleuza Maria Cavalcante Farias Leôncio, sob acusação de exploração de trabalho escravo em uma fazenda da família.
Os dois são irmãos de Paulo César Farias, o PC, assassinado em junho de 1996. O pedido de prisão atinge também cinco funcionários da fazenda Santa Ana Agropecuária Industrial, em Santana do Araguaia (1.032 km de Belém, no sul do Pará).
Nenhum deles havia sido localizado pela Polícia Federal até o fechamento desta edição.
Em blitz realizada no início do mês, fiscais do Ministério do Trabalho e agentes da Polícia Federal encontraram 118 peões da fazenda sem carteira assinada e trabalhando apenas para saldar suas dívidas com os próprios capatazes da Santa Ana.
O Ministério Público Federal, autor do pedido de prisão, acusa o grupo de formação de quadrilha, redução a condição análoga à de escravo, aliciamento de trabalhadores, sonegação de contribuição previdenciária, exposição a vida e a saúde de pessoas a perigo, destruição de floresta considerada de preservação permanente, entre outros crimes.
Augusto foi incluído na acusação porque os trabalhadores o apontaram como verdadeiro administrador da Santa Ana.
A Procuradoria também pediu a devolução de recursos da extinta Sudam repassados para a fazenda. Entre 1991 e 1997, a Santa Ana conseguiu a liberação de R$ 1.607.238,49 em verbas da Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia).
Da verba liberada pela Sudam, R$ 852 mil foram efetivamente entregues à fazenda.
O procurador entrou com uma ação chamada "procedimento de cancelamento", na qual pede a devolução da verba já liberada e a suspensão da entrega do restante.
A Justiça do Trabalho da 8ª Região já havia determinado o bloqueio das contas bancárias em nome de Eleuza e da Santa Ana S.A., a indisponibilidade de seus bens e a quebra de seus sigilos bancário e fiscal. A Procuradoria do Trabalho a acusa de se recusar a pagar R$ 477 mil em rescisões trabalhistas aos 118 peões.


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