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ESPÍRITO SANTO
Ex-deputado é acusado de comprar votos para eleição na Assembléia; ele ainda não havia sido localizado pela PF
Justiça determina prisão preventiva de Gratz
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA
O Tribunal Regional Federal da
2ª Região determinou ontem a
prisão preventiva do ex-presidente da Assembléia Legislativa do
Espírito Santo José Carlos Gratz
(PFL). Ele é acusado de comprar
votos de deputados utilizando recursos públicos na sua eleição para a presidência da Casa, em 2000.
Ex-banqueiro do jogo do bicho
e ex-proprietário de cassinos
clandestinos, Gratz é um dos
principais alvos da missão especial de combate ao crime organizado que atua no Estado.
Até o fechamento desta edição,
a Polícia Federal não havia localizado Gratz. Os policiais receberam informação de que ele havia
deixado o Estado pela manhã.
Rastreamento
Uma pessoa que trabalha na casa de Gratz disse no final da tarde
de ontem que ele saiu de manhã e
não havia retornado. O celular do
ex-deputado estava desligado.
A denúncia do Ministério Público baseou-se em rastreamento
feito pela Receita Federal, que teria identificado 26 cheques, de R$
30 mil cada um, emitidos pelo
empresário Carlos Guilherme Lima seis dias após a votação.
O TRF também determinou a
prisão preventiva de Lima ontem.
Ele já está preso desde o final do
ano passado, acusado de ser o diretor financeiro do crime organizado no Estado.
De acordo com a denúncia da
Procuradoria da República, os recursos para a suposta compra de
votos vieram de uma transferência de crédito de ICMS da Samarco Mineração para a Escelsa (Espírito Santo Centrais Elétricas).
Teriam recebido o dinheiro 20
deputados, incluindo Gratz. No
total, foram denunciadas 33 pessoas, entre parlamentares, assessores, empresários e banqueiros.
O pedido de prisão preventiva
contra sete deputados reeleitos foi
negado ontem.
Para fundamentar a decisão
contra Gratz o relator do processo
no TRF, desembargador Ney
Fonseca, alegou que "há indícios
de que ele poderia fugir do país,
conforme comprovam degravações de conversas telefônicas anexadas aos autos".
Diálogo entre ex-assessores de
Gratz, gravado com autorização
judicial em janeiro deste ano, revelou um possível esquema de fuga para o ex-deputado.
"Se for tirar ele, o Zé Carlos
[Gratz], eu não vou colocar o pessoal da segurança para ir junto
não, tá. Vai [sic] eu sozinho. Se ele
for pegar o avião em tal local, se
for levar em tal local, eu vou com
ele sozinho que aí ele vai no meu
carro e não chama atenção", disse
o coronel Élvio Rebouças, ex-chefe da segurança da Assembléia.
Em entrevista anterior, Gratz
afirmou que a acusação contra ele
era uma "brincadeira". "Qual é a
prova de que esses tais depósitos
foram feitos para comprar votos?", questionou o ex-deputado.
A Receita identificou depósito
de um dos cheques na conta da
Gumar Empreendimentos, nome
jurídico do bingo Camburi, que
tinha Gratz como sócio na época.
O ex-deputado afirmou que o
bingo ainda não existia naquele
ano. "No local funcionava um boliche", disse. Os sócios da empresa Luiz Gustavo Bumachar e Márcio Constanteen Tommasi Helal,
em depoimento ao Ministério Público, disseram que o dinheiro foi
utilizado para reforma do imóvel
e compra de equipamentos.
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