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SOMBRA NO PLANALTO
Em entrevista a site, ex-secretário nacional de Segurança disse ter conhecimento da atuação de ex-assessor no Estado do Rio
PF intima Soares a depor sobre Waldomiro
DA SUCURSAL DO RIO
O delegado da Polícia Federal
Hebert Reis Mesquita, que investiga irregularidades nos bingos do
Rio, disse que irá intimar a depor
o antropólogo Luiz Eduardo Soares, ex-secretário nacional de Segurança Pública. Mesquita considerou muito grave a afirmação de
Soares -em entrevista ao site
AOL, ontem- de que, em 2002,
recebeu informações sobre a
atuação de Waldomiro Diniz
num suposto esquema para cobrar propina de bingos. Na época,
Waldomiro presidia a Loterj.
Na entrevista, Soares afirma que
uma pessoa o procurou e disse
que Waldomiro tirava R$ 300 mil
por mês dos bingos. O antropólogo diz que repassou a informação
ao PT, mas a petista Benedita da
Silva manteve Waldomiro à frente da Loterj quando assumiu o governo estadual, em abril de 2002.
Segundo Soares, Benedita ficou
"extremamente irritada" quando
ele pediu explicações sobre a manutenção de Waldomiro. "[Ela]
falou bastante e chegou até a chorar", disse o antropólogo.
No inquérito da PF, Waldomiro
será indiciado por prevaricação,
por supostas falhas na fiscalização
dos bingos. Há suspeita de um esquema de pagamento de propina
dos bingos à Loterj para que desconsiderassem irregularidades.
Na entrevista, o antropólogo
disse que, durante a campanha
eleitoral de 2002, jantou com os
então coordenadores da campanha petista Antônio Palocci, hoje
ministro da Fazenda, e Luiz Dulci
(secretário-geral da Presidência).
Soares, que era candidato a vice
na chapa de Benedita ao governo
do Rio, contou que reclamou da
sua marginalização na campanha
e fez um alerta para a existência de
supostos esquemas de corrupção
no Rio. Disse que não citou Waldomiro, mas que na conversa teria surgido "o nome de um outro
assessor de José Dirceu".
Amigo de Soares, o professor de
filosofia Luís Antônio Correia
participou do jantar e confirma o
teor da conversa. "A tônica foi a
marginalização do Luiz Eduardo
na campanha, mas, em certo momento, ele realmente falou da
existência de procedimentos escusos. Não disse nomes, nem fatos, o que me pareceu ser mais um
desabafo, uma mágoa, por causa
do tratamento que vinha sofrendo pelo PT, do que uma denúncia", afirmou Correia.
Também amigo do antropólogo
e hoje assessor da Secretaria Executiva do Ministério do Desenvolvimento Social, André Teixeira,
também presente ao jantar, contradisse Correia e Soares. Segundo ele, na conversa não foram
abordadas questões éticas.
"Nesse jantar não veio à baila
esse assunto. Tratamos apenas da
crise da campanha da Benedita,
que patinava nas pesquisas, e do
fato de o Luiz achar que estava
sendo marginalizado."
Na entrevista, Soares não revela
o nome da pessoa que acusou
Waldomiro em 2002 e que chama
de "corruptólogo". Ele afirma
que, antes de Benedita assumir o
governo do Rio, após a saída de
Anthony Garotinho para concorrer à Presidência, levou o problema aos dirigentes petistas Marcelo Sereno [atual assessor especial
da Casa Civil], Manoel Severino
dos Santos [atual presidente da
Casa da Moeda] e Val Carvalho.
Nenhuma providência foi tomada, disse o antropólogo ao AOL.
Outro lado
Procurado pela Folha, Marcelo
Sereno disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentaria as declarações de Soares. Santos e Val Carvalho não foram localizados ontem. Benedita
da Silva está em viagem ao exterior e sua assessoria informou que
ela não falaria do assunto.
A assessoria de imprensa da Secretaria Geral da Presidência República informou ontem, sobre a
entrevista de Luiz Eduardo Soares, que os ministros Luiz Dulci e
Antonio Palocci Filho (Fazenda)
estiveram no Rio na ocasião por
solicitação do PT fluminense.
Segundo a assessoria, eles participaram da reunião na condição
de integrantes da coordenação
nacional da campanha de 2002 do
PT. O encontro no Rio foi realizado para "discutir os rumos da
campanha pela reeleição da então
governadora Benedita da Silva".
Ainda segundo a assessoria, durante a reunião com o diretório
estadual e municipal do PT no Rio
foram analisados os programas
de TV da campanha. À noite, a
pedido do então candidato a vice
na chapa de Benedita, Luiz Eduardo Soares, participaram de um
jantar, no qual se tratou de uma
maior participação do candidato
a vice na campanha.
Dulci e Palocci não quiseram fazer comentários sobre as declarações de Soares.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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