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Yeda defende gestão no RS e ataca críticos
Em carta aberta, governadora critica colunista da Folha e diz que feriu "muitos interesses" para colocar "casa em ordem'
Documento divulgado por tucana ignora denúncias de corrupção envolvendo o seu
governo e não menciona as acusações feitas pelo PSOL
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Em carta aberta divulgada
ontem, a governadora do Rio
Grande do Sul, Yeda Crusius
(PSDB), fez uma ampla defesa
de sua gestão e criticou o colunista da Folha Fernando de
Barros e Silva, também editor
do caderno Brasil, por texto
opinativo publicado na última
segunda-feira, na página A2.
Na sua peça, intitulada, "Carta Aberta ao Povo de Respeito",
Yeda afirma que o colunista da
Folha ultrapassou os "desejados limites de civilidade, de
modo infundado, desnecessário e preconceituoso".
O colunista comentava o
mais recente capítulo da crise
política do RS, que ganhou nova temperatura após a morte de
Marcelo Cavalcante, ex-secretário de Yeda que havia sido demitido sob suspeita de corrupção, e de uma entrevista coletiva em que dirigentes do PSOL
apontaram, sem exibir provas,
a existência de áudios e vídeos
que envolveriam a governadora
e integrantes do primeiro escalão do governo em escândalos.
"Casa em ordem"
Na sua carta, a tucana, que se
esquiva de abordar as acusações contra sua gestão, aponta a
melhoria da situação fiscal do
Estado como principal conquista de sua administração.
Diz que alcançou déficit zero
em 2008 após 37 anos de déficit
no Estado. Cita a quitação dos
precatórios de pequeno valor e
dos débitos com fornecedores,
a desoneração de impostos a
82% das empresas do Estado e
o pagamento de aumentos salariais de 19% e 33% que haviam
sido concedidos ao funcionalismo em 1995, mas que aguardavam condições financeiras para
serem postos em prática.
A tucana menciona ainda a
aprovação de um empréstimo
do Banco Mundial de US$ 1,1
bilhão -segundo ela, fruto da
confiança do órgão. Para fazer
isso tudo, diz a governadora,
"feri muitos interesses".
Em seu artigo, Barros e Silva
dizia o seguinte: "Sempre que
confrontada com sua gestão
chocante, a governadora Yeda
Crusius costuma responder
que promove um verdadeiro
choque de gestão no Rio Grande do Sul. Acumulam-se os descalabros à sua volta, mas ela,
alheia a tudo, apenas repete
que está pondo ordem na casa".
A carta está datada de quinta-feira, dia 26, e foi distribuída
ontem aos deputados estaduais. Yeda diz que resiste a
"uma guerra santa que divide o
Rio Grande há tanto tempo e
que tanto mal já lhe causou".
Origem
A crise política no RS começou em novembro de 2007,
quando a Polícia Federal prendeu 13 pessoas suspeitas de
participar de uma fraude que
desviou R$ 44 milhões do Detran gaúcho. O empresário Lair
Ferst, ex-coordenador de campanha de Yeda, é apontado como um dos líderes do desvio e
teria entregue os vídeos em troca de benefícios no processo a
que responde. Ele nega. Além
de Ferst, 32 pessoas são réus.
Na semana passada, o PSOL
afirmou que está em poder da
Justiça Federal um conjunto
de vídeos supostamente gravados por Ferst em reuniões onde
Yeda e auxiliares discutiriam
caixa dois de campanha, a compra da casa em que a tucana vive e a distribuição de um suposto "mensalinho" por meio de
uma agência de publicidade
que presta serviços ao Estado.
Segundo o PSOL, Cavalcante
negociava prestar esclarecimentos sobre o caso quando foi
encontrado morto no lago Paranoá, em Brasília, no dia 17. A
Polícia Civil do DF apura as circunstâncias da morte.
Ontem, a governadora voltou
a negar entrevista à Folha.
Leia a íntegra da carta da governadora Yeda Crusius
www.folha.com.br/090584
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