São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 2009

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Yeda defende gestão no RS e ataca críticos

Em carta aberta, governadora critica colunista da Folha e diz que feriu "muitos interesses" para colocar "casa em ordem'

Documento divulgado por tucana ignora denúncias de corrupção envolvendo o seu governo e não menciona as acusações feitas pelo PSOL

GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Em carta aberta divulgada ontem, a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), fez uma ampla defesa de sua gestão e criticou o colunista da Folha Fernando de Barros e Silva, também editor do caderno Brasil, por texto opinativo publicado na última segunda-feira, na página A2. Na sua peça, intitulada, "Carta Aberta ao Povo de Respeito", Yeda afirma que o colunista da Folha ultrapassou os "desejados limites de civilidade, de modo infundado, desnecessário e preconceituoso". O colunista comentava o mais recente capítulo da crise política do RS, que ganhou nova temperatura após a morte de Marcelo Cavalcante, ex-secretário de Yeda que havia sido demitido sob suspeita de corrupção, e de uma entrevista coletiva em que dirigentes do PSOL apontaram, sem exibir provas, a existência de áudios e vídeos que envolveriam a governadora e integrantes do primeiro escalão do governo em escândalos.

"Casa em ordem"
Na sua carta, a tucana, que se esquiva de abordar as acusações contra sua gestão, aponta a melhoria da situação fiscal do Estado como principal conquista de sua administração. Diz que alcançou déficit zero em 2008 após 37 anos de déficit no Estado. Cita a quitação dos precatórios de pequeno valor e dos débitos com fornecedores, a desoneração de impostos a 82% das empresas do Estado e o pagamento de aumentos salariais de 19% e 33% que haviam sido concedidos ao funcionalismo em 1995, mas que aguardavam condições financeiras para serem postos em prática. A tucana menciona ainda a aprovação de um empréstimo do Banco Mundial de US$ 1,1 bilhão -segundo ela, fruto da confiança do órgão. Para fazer isso tudo, diz a governadora, "feri muitos interesses". Em seu artigo, Barros e Silva dizia o seguinte: "Sempre que confrontada com sua gestão chocante, a governadora Yeda Crusius costuma responder que promove um verdadeiro choque de gestão no Rio Grande do Sul. Acumulam-se os descalabros à sua volta, mas ela, alheia a tudo, apenas repete que está pondo ordem na casa". A carta está datada de quinta-feira, dia 26, e foi distribuída ontem aos deputados estaduais. Yeda diz que resiste a "uma guerra santa que divide o Rio Grande há tanto tempo e que tanto mal já lhe causou".

Origem

A crise política no RS começou em novembro de 2007, quando a Polícia Federal prendeu 13 pessoas suspeitas de participar de uma fraude que desviou R$ 44 milhões do Detran gaúcho. O empresário Lair Ferst, ex-coordenador de campanha de Yeda, é apontado como um dos líderes do desvio e teria entregue os vídeos em troca de benefícios no processo a que responde. Ele nega. Além de Ferst, 32 pessoas são réus. Na semana passada, o PSOL afirmou que está em poder da Justiça Federal um conjunto de vídeos supostamente gravados por Ferst em reuniões onde Yeda e auxiliares discutiriam caixa dois de campanha, a compra da casa em que a tucana vive e a distribuição de um suposto "mensalinho" por meio de uma agência de publicidade que presta serviços ao Estado. Segundo o PSOL, Cavalcante negociava prestar esclarecimentos sobre o caso quando foi encontrado morto no lago Paranoá, em Brasília, no dia 17. A Polícia Civil do DF apura as circunstâncias da morte. Ontem, a governadora voltou a negar entrevista à Folha.

Leia a íntegra da carta da governadora Yeda Crusius

www.folha.com.br/090584


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