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NEPOTISMO
Senado registra 11 novos casos; prática chega à Mesa da Câmara
Congressistas assumem
e já contratam parentes
LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília
O novo Congresso assume
com uma prática antiga: o nepotismo (contratação de parentes). No Senado, já foram
registrados 11 novos casos.
Na Câmara dos Deputados, o nepotismo chegou aos cargos da Mesa Diretora. Não há lei que impeça
essa prática no Congresso.
Mulher, filhos, irmãos e cunhados são contemplados com empregos nos gabinetes dos parlamentares e nos cargos da Mesa. Muitos
dos parentes são contratados para
trabalhar no Estado de origem do
parlamentar.
O senador Mozarildo Cavalcanti
(PPB-RR) contratou a mulher e
duas filhas. A filha Geanne foi contratada no dia 3 de fevereiro, com
salário de R$ 3.600.
No dia seguinte, Cavalcanti nomeou a mulher, Geilda, com salário de R$ 4.800. A filha Geilza foi
contratada no dia 22, com salário
de R$ 4.800. Na soma, um reforço
de R$ 12 mil na renda familiar do
senador.
O senador Roberto Requião
(PMDB-PR) já havia contratado o
irmão Eduardo no início da legislatura passada. No dia 29 de janeiro, nomeou o irmão Maurício, ex-deputado federal que não conseguiu a reeleição. Maurício vai dirigir o escritório do senador em Curitiba, com salário de R$ 4.800.
O corregedor da Câmara, Severino Cavalcanti (PPB-PE), que zela
pelo decoro parlamentar dos deputados, usou um cargo da 2ª vice-presidência para contratar o filho
José Maurício, com salário de R$
4.500, e reforçar o trabalho político
na sua base eleitoral.
"Daqui a dois anos não estou na
Mesa. Em vez de eu ir na sexta para
Pernambuco, vai ele. Hoje (sexta-feira passada), ele está me representando em um encontro de micros e pequenos empresários", explicou o corregedor.
Ex-deputados
O irmão de Requião não foi o
único ex-deputado não reeleito a
encontrar abrigo em assessorias da
Câmara e do Senado.
O ex-deputado Nilson Gibson
(PMN-PE) era o maior defensor
dos interesses corporativos dos
deputados, como os aumentos salariais. Não foi reeleito, mas conseguiu um emprego de assessor técnico na Diretoria Geral, com salário de R$ 4.500.
O senador Gilberto Mestrinho
(PMDB-AM) abrigou no seu gabinete o filho João Thomé, outro ex-deputado federal que não se reelegeu. O salário é de R$ 4.800.
Senadores não reeleitos trataram
de amparar os parentes que já trabalhavam na Casa. Na legislatura
passada, 20 parentes de 15 senadores tinham emprego no Senado.
O senador Flaviano Melo
(PMDB-AC) era 3º secretário. Não
conseguiu se reeleger no ano passado. No dia 29 de janeiro deste
ano, transferiu o irmão José Baptista do seu gabinete para a 3ª secretaria, que agora é ocupada pelo
senador Nabor Júnior (PMDB-AC), colega de partido e Estado.
José Clayton Souza Alcântara, filho do ex-senador Beni Veras
(PSDB-CE), trabalhava no gabinete do senador Reginaldo Duarte
(PSDB-CE). No dia 29 de janeiro,
foi transferido para o gabinete do
senador Luiz Pontes (PSDB-CE).
Irmã, filhos, cunhados
O senador Tião Viana (PT-AC)
contratou Áurea Macedo Neves
para tocar o seu escritório em Rio
Branco (AC).
Trata-se da ex-mulher do governador petista do Acre, Jorge Viana,
irmão do senador. A separação
ocorreu após a eleição.
O senador Antero Paes de Barros
(PSDB-MS) nomeou a irmã Helena Maria Arguello, que coordenou
a área de educação na sua campanha eleitoral.
O senador Maguito Vilela
(PMDB-GO) contratou o cunhado
Gean Carlo Carvalho, que foi o seu
secretário de Comunicação Social
no governo de Goiás.
O senador João Alberto (PMDB-MA) nomeou o filho João Marcelo
como assessor técnico do seu gabinete. O filho já trabalhava com ele
na Câmara dos Deputados.
Na Câmara, a filha do ex-líder do
PDT Matheus Schmidt (RS), Márcia Schmidt, foi contratada pela liderança do partido no dia 3 de fevereiro.
O 3º suplente da Mesa, Zé Gomes
da Rocha (PSD-GO), contratou a
filha Adejaína, de 19 anos, para
atender o telefone na 3ª suplência,
com salário de R$ 1.800.
Em 97, ele contratou sete jogadores do Itumbiara Esporte Clube
com a verba do seu gabinete.
O 2º secretário da Mesa, Nelson
Trad (PTB-MS), nomeou a filha
Maria Theresa, com um salário de
R$ 2.400, para trabalhar na 2ª secretaria.
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