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Relator da CPI diz ser candidato
a governador do Paraná em 98
FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília
O senador Roberto Requião
(PMDB-PR) se declarou candidato
ao governo do Estado do Paraná
em 98. Ele nega interesse em uma
candidatura presidencial.
Por causa da sua exposição na
mídia como relator da CPI dos
Precatórios, Requião é citado em
Brasília como potencial candidato
a presidente pelo PMDB.
Nesta entrevista, ele afirma que o
seu partido deve acabar aderindo à
candidatura de Fernando Henrique Cardoso para um segundo
mandato. Requião se diz contra essa opção.
Sobre a possibilidade de o
ex-presidente Itamar Franco ocupar a vaga de candidato peemedebista à Presidência, o relator da
CPI faz uma piada: ``Eu não sei para qual lado ele penteia o topete''.
A seguir, os principais trechos da
entrevista de Requião:
Folha - O sr. é candidato a presidente da República?
Roberto Requião - Bobagem.
Eu não tenho nenhuma pretensão
de ser candidato.
Folha - Por quê?
Requião - Porque eu sou candidato ao governo do Paraná. Vou
fazer o sacrifício de ser candidato
ao governo do Paraná para botar o
Estado em ordem, depois que o
(Jaime) Lerner acabou com ele. É
uma tarefa dura demais.
Folha - Quem será então o candidato do PMDB em 98?
Requião - Não sei. Eu acho que
ele acaba, ao que tudo indica, aderindo ao PSDB e ao PFL.
Folha - Com o seu apoio?
Requião - Não.
Folha - O sr. defende qual posição para o PMDB nas eleições do
próximo ano?
Requião - Eu acho que o PMDB
deveria abrir espaço, deixar as pessoas falarem e lançar uma candidatura própria.
Folha - Mas o sr. enxerga hoje
dentro do PMDB algum candidato
potencial a presidente?
Requião - Isso só acontecerá se
o partido abrir espaço para discussões. As pessoas poderiam aparecer em torno de uma proposta política alternativa ao neoliberalismo, ou ao neobobismo do Fernando Henrique Cardoso.
Sem projeto, não tem candidato.
É como a história da Alice, de Lewis Carroll. Ela perguntou ao gato
que ria: `Onde é a saída?'. E o gato:
`Depende'. Alice então diz: `Depende do quê?' E o gato concluiu:
`Depende de para onde você quer
ir'.
Folha - Qual a sua opinião sobre
a possibilidade de Itamar Franco
ser o candidato do PMDB à Presidência em 98?
Requião - O Itamar é um sujeito
simpático. Mas eu não sei para
qual lado ele penteia o topete.
Folha - Qual seria, para o sr., a
proposta ideal para o PMDB?
Requião - Não liberal, de geração de empregos. Um projeto de
desenvolvimento industrial claro,
uma política agrícola clara e uma
abertura comercial compatível
com isso tudo.
Folha - O sr. é contra a venda da
Companhia Vale do Rio Doce, que
tem leilão marcado para o final do
próximo mês?
Requião - Isso é uma loucura. É
uma irresponsabilidade total.
Folha - Em alguma circunstância
o sr. admitiria a venda da Vale?
Requião - Eu acho que a Vale
poderia ser desmembrada. Alguns
setores poderiam ser privados.
Mas a venda da Vale é a coisa mais
``asnática'' que já se pensou em fazer no país. É uma asneira.
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