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Ministro contradiz Genoino e afirma
que autonomia do BC não foi adiada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A decisão de adiar para 2004 a
discussão sobre o projeto que
concede autonomia ao Banco
Central, anunciada anteontem
pelo presidente do PT, José Genoino, foi contestada ontem pelo
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda). "Não há nenhuma decisão do governo."
Anteontem, Genoino foi categórico, só que na direção oposta.
"A autonomia do Banco Central
saiu da pauta, está fora da agenda", disse ele depois de participar
de reunião da bancada dos deputados federais do PT. O governo
federal delegou ao presidente do
partido a tarefa de ir à reunião e
passar a informação como forma
de tentar construir uma unidade
da bancada petista em torno da
questão do BC.
O ministro Palocci é o principal
defensor da proposta, que divide
a bancada petista no Congresso.
Com a autonomia do BC, na forma de mandatos fixos para os dirigentes da instituição, pretende-se convencer o mercado financeiro de que a política de juros não
sofrerá interferências políticas.
"Há uma solicitação de várias
bancadas para que haja um bom
debate antes do envio do projeto,
para que possamos dialogar com
todos, esclarecer dúvidas, ouvir
divergências; nós vamos fazer isso", disse o ministro.
No PT e entre vários partidos
aliados, acredita-se que a proposta tirará do governo Lula o comando do órgão mais poderoso
do Executivo e, na prática, da política econômica.
Durante o governo Fernando
Henrique Cardoso, os petistas foram contrários à autonomia do
BC por achar que se tratava de
uma manobra para perpetuar a
política econômica -que, aliás,
foi mantida por Lula.
O que o Planalto quer, agora, é
tentar passar a idéia de que a proposta será amplamente debatida
dentro da bancada petista antes
de ser apresentada ao Congresso.
O ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, responsável pela chefia da articulação política do governo, vai na mesma linha.
"O projeto de autonomia operacional do Banco Central só será
enviado depois de exaustiva discussão no governo, na bancada,
com os aliados e com a sociedade", afirmou.
Para Henrique Meirelles, presidente do BC, a proposta de autonomia da entidade também não
deve ser aprovada antes de 2004.
Segundo ele, "o BC opera hoje
praticamente com autonomia. A
única diferença que [a autonomia] faria na prática seria dar
mais confiança às pessoas de que
o BC ficará independente", disse.
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