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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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Ministro contradiz Genoino e afirma que autonomia do BC não foi adiada

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A decisão de adiar para 2004 a discussão sobre o projeto que concede autonomia ao Banco Central, anunciada anteontem pelo presidente do PT, José Genoino, foi contestada ontem pelo ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda). "Não há nenhuma decisão do governo."
Anteontem, Genoino foi categórico, só que na direção oposta. "A autonomia do Banco Central saiu da pauta, está fora da agenda", disse ele depois de participar de reunião da bancada dos deputados federais do PT. O governo federal delegou ao presidente do partido a tarefa de ir à reunião e passar a informação como forma de tentar construir uma unidade da bancada petista em torno da questão do BC.
O ministro Palocci é o principal defensor da proposta, que divide a bancada petista no Congresso. Com a autonomia do BC, na forma de mandatos fixos para os dirigentes da instituição, pretende-se convencer o mercado financeiro de que a política de juros não sofrerá interferências políticas.
"Há uma solicitação de várias bancadas para que haja um bom debate antes do envio do projeto, para que possamos dialogar com todos, esclarecer dúvidas, ouvir divergências; nós vamos fazer isso", disse o ministro.
No PT e entre vários partidos aliados, acredita-se que a proposta tirará do governo Lula o comando do órgão mais poderoso do Executivo e, na prática, da política econômica.
Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, os petistas foram contrários à autonomia do BC por achar que se tratava de uma manobra para perpetuar a política econômica -que, aliás, foi mantida por Lula.
O que o Planalto quer, agora, é tentar passar a idéia de que a proposta será amplamente debatida dentro da bancada petista antes de ser apresentada ao Congresso.
O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, responsável pela chefia da articulação política do governo, vai na mesma linha.
"O projeto de autonomia operacional do Banco Central só será enviado depois de exaustiva discussão no governo, na bancada, com os aliados e com a sociedade", afirmou.
Para Henrique Meirelles, presidente do BC, a proposta de autonomia da entidade também não deve ser aprovada antes de 2004.
Segundo ele, "o BC opera hoje praticamente com autonomia. A única diferença que [a autonomia] faria na prática seria dar mais confiança às pessoas de que o BC ficará independente", disse.


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