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JANIO DE FREITAS
No caminho errado
Com a chegada de abril
nesta semana, o governo
Lula entra no 16º mês e vai
completando já um terço do
seu período. E continua nas
promessas, continua em campanha. A rigor, não assumiu.
A conjugação das pesquisas
feitas nos últimos dias faz três
comprovações importantes. A
imunidade de Lula à frustração com o seu governo era uma
idéia falsa do próprio Lula, do
pessoal de "comunicação" da
Presidência e do jornalismo
oficialista. Os mecanismos internos da opinião pública, que
a formam e reformam, continuam com os mesmos sensores,
o ritmo de reação e demais peculiaridades de um povo desinformado, manipulado, mas
não insensível.
É clara, também, a relação
direta entre as perdas do governo e de Lula na opinião nacional e os efeitos maléficos, sobre
as famílias e sobre o país, da
falta de política econômica responsável, lúcida e fundada em
argumentos honestos. A bravata de adotar metas ainda mais
rígidas e anti-sociais que as
exigidas pelo FMI, cúmulo da
sabujice governamental diante
do "mercado", só na cabeça
dos transtornados pelo deslumbramento poderia encolher a
economia, mas não a confiança em Lula.
Por fim, comprova-se que a
influência do caso Waldomiro
Diniz é relativamente inexpressiva, no conjunto de causas
apuradas pelas diferentes pesquisas. "O Globo" deu uma poderosa e auto-explicável manchete: "Caso Waldomiro derruba popularidade de Lula". Mas
seu texto sobre a pesquisa Ibope tem trechos assim: "Pela primeira vez nas pesquisas feitas
pela CNI/Ibope, o percentual
dos que acreditam que o Brasil
está no caminho errado (46%)
é maior do que os que acham
que o rumo está certo (40%).
Em dezembro, 48% diziam que
o caminho estava certo, contra
36% que acreditavam o contrário". Ou: "Para os brasileiros, o pior desempenho do governo foi na área da economia". Ou: "A incerteza com os
rumos do país também fez crescer o número de pessoas que
acham que a inflação vai aumentar", "54% disseram que o
desemprego vai aumentar" e
por aí em diante.
Waldomiro Diniz não disputa com a (falta de) política econômica a primazia entre as
causas da derrocada de Lula e
do seu governo. Até se justifica
suspeitar de que tenha sido positivo para o governo. Com base nos "dados positivos do final
do ano", o jornalismo de economia anunciava para este trimestre a "segura retomada do
crescimento". Talvez Waldomiro Diniz tenha ajudado a
desviar atenções, como ajudou
parte da mídia, do resultado
real: o trimestre foi péssimo.
Vai ver, Waldomiro é que é o
bom companheiro.
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