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ELEIÇÕES 2006/PUBLICIDADE SUSPEITA
Segundo ex-gerente de banco estadual, Roger Ferreira coordenava esquema de direcionamento de verbas publicitárias para aliados do governo
Caso Nossa Caixa derruba assessor de Alckmin
FREDERICO VASCONCELOS
CÁTIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Sob pressão do comando do
PSDB, e 24 horas depois de negar
que afastaria seu assessor de Comunicação, Roger Ferreira, o governador Geraldo Alckmin exonerou, a pedido, o auxiliar, apontado em reportagem da Folha como um dos coordenadores do direcionamento de recursos da
Nossa Caixa para favorecer veículos mantidos ou indicados por deputados estaduais da base aliada.
No início da tarde, após receber
o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, Alckmin defendeu Ferreira, que chegou a enviar a parlamentares do partido um texto em
que rebatia as acusações. Mas, segundo tucanos, Tasso recomendou que Alckmin fizesse um contraponto a Lula, mostrando que
não hesita em momentos de crise.
Prevaleceu ainda a idéia de que a
saída seria ofuscada pela queda
do ministro Antonio Palocci.
Na carta em que solicita a exoneração, Ferreira diz que nada fez
"que ferisse os ditames da ética e
do espírito público" e que não
permitiria que sua presença no
governo se transformasse em
"pretexto para provocar desgastes injustificáveis" à candidatura
de Alckmin à Presidência.
Após duas horas de conversa,
Tasso até concordou, em entrevista, com a necessidade de mais
investigação. Ele incentivou Alckmin a falar à imprensa: "Não existe nada que possa ser comprometedor em relação à ética ou à atitude do governador Alckmin. Ele
mesmo está aqui para responder.
Ele não se esconde".
Tasso insistiu para que Alckmin
falasse sobre o tema. Tanto que,
quando o governador já acompanhava o senador em direção à saída da sala onde ocorria a entrevista, Tasso fez questão que ficasse.
"Não. Fale sobre a Nossa Caixa."
Alckmin afirmou, então, que
gostaria de fazer "um reparo sobre o que o jornal publicou hoje
[ontem]". "Já houve a investigação, quem fez foi o governo, a
própria Nossa Caixa, que abriu
uma comissão de sindicância."
Alckmin também alegou que os
e-mails obtidos pela Folha não
eram de integrantes do governo:
"Empresa terceirizada não fala
em nome do governo". Questionado sobre os e-mails de Ferreira,
disse: "Não, o dele não pede para
absolutamente ninguém".
"Nós já concluímos essa sindicância. Essa matéria que está no
jornal é sindicância feita por nós.
Se eu não fosse candidato, isso
não viria para o jornal, mas, como
eu sou candidato...", disse.
Ele demonstrou impaciência ao
comentar as declarações do deputado Afanasio Jazadji (PFL), de
que teria negociado verbas publicitárias diretamente com o governador (leia nesta página). "Comigo, não. Ele nem esteve comigo e
Afanasio Jazadji é da oposição,
oposição 24 horas por dia."
Alckmin disse que houve um
"erro formal" da Nossa Caixa, ao
não providenciar a prorrogação
dos contratos com as agências de
propaganda Full Jazz e Colucci.
"Isso não foi feito. Quando a
Nossa Caixa percebeu que houve
um erro lá dentro, fez uma sindicância, demitiu o responsável, comunicou ao Ministério Público e
ao Tribunal de Contas", disse.
Ferreira foi citado pelo ex-gerente de marketing Jaime de Castro Júnior, afastado do banco, como coordenador das ações de direcionamento de anúncios e patrocínios.O esquema beneficiou
os deputados Wagner Salustiano
(PSDB), Geraldo "Bispo Gê" Tenuta (PTB), Afanasio Jazadji
(PFL), Vaz de Lima (PSDB) e Edson Ferrarini (PTB), a Rede Vida,
a Rede Aleluia de Rádio e a revista
"Primeira Leitura", criada pelo
ex-ministro das Comunicações
Luiz Carlos Mendonça de Barros
(governo FHC), da qual se afastou
em setembro de 2004.
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