São Paulo, quarta-feira, 28 de março de 2007

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Antropólogos criticam fala de Matilde

DA REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Qualquer restrição a uma pessoa ou um grupo pela sua cor é racismo. Essa é a opinião de antropólogos e historiadores ouvidos pela Folha sobre a afirmação da ministra Matilde Ribeiro (Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial) de que "não é racismo quando um negro se insurge contra um branco".
Para o antropólogo João Baptista Pereira Borges, professor da USP, "o negro não é obrigado a esquecer a escravidão", mas o racismo não pode ser justificado historicamente. Ele diz que a atitude da ministra é reprovável, pois "toda vez que alguém faz restrição a uma pessoa ou a um grupo é racismo".
A afirmação da ministra foi classificada como "lamentável" pelo historiador da UFRJ Manolo Florentino. "O mínimo que uma ministra que ocupa esse cargo deve saber é que não existem raças." O termo politicamente correto para se referir à cor é etnia, que leva em consideração o aspecto cultural, segundo Pereira Borges.
O historiador Boris Fausto falou em racismo às avessas: "Se insurgir contra alguém pela sua cor, seja ele preto, branco ou amarelo, é racismo." Já o presidente da Academia Brasileira de Direito Constitucional, Flavio Pansieri, viu desconhecimento da legislação: "Esperamos uma retratação formal da ministra sob o risco de voltarmos a aplicar a lei do talião em plena democracia".
O sociólogo Simon Schwartzman disse que coisas terríveis podem ser consideradas naturais. "Uma coisa é considerar natural, outra é sancionar isso."
Já o antropólogo Otávio Velho, da UFRJ, saiu em defesa da ministra. "Concordo plenamente. Ela faz uma análise de uma situação de opressão, é compreensível que isso ocorra. Acho absurdo colocar uma reação subjetiva negativa em relação a brancos como racismo."


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