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Antropólogos criticam fala de Matilde
DA REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Qualquer restrição a uma
pessoa ou um grupo pela sua
cor é racismo. Essa é a opinião de antropólogos e historiadores ouvidos pela Folha
sobre a afirmação da ministra Matilde Ribeiro (Secretaria Especial de Política da
Promoção da Igualdade Racial) de que "não é racismo
quando um negro se insurge
contra um branco".
Para o antropólogo João
Baptista Pereira Borges, professor da USP, "o negro não é
obrigado a esquecer a escravidão", mas o racismo não
pode ser justificado historicamente. Ele diz que a atitude da ministra é reprovável,
pois "toda vez que alguém
faz restrição a uma pessoa ou
a um grupo é racismo".
A afirmação da ministra
foi classificada como "lamentável" pelo historiador
da UFRJ Manolo Florentino. "O mínimo que uma ministra que ocupa esse cargo
deve saber é que não existem
raças." O termo politicamente correto para se referir à
cor é etnia, que leva em consideração o aspecto cultural,
segundo Pereira Borges.
O historiador Boris Fausto
falou em racismo às avessas:
"Se insurgir contra alguém
pela sua cor, seja ele preto,
branco ou amarelo, é racismo." Já o presidente da Academia Brasileira de Direito
Constitucional, Flavio Pansieri, viu desconhecimento
da legislação: "Esperamos
uma retratação formal da
ministra sob o risco de voltarmos a aplicar a lei do talião em plena democracia".
O sociólogo Simon
Schwartzman disse que coisas terríveis podem ser consideradas naturais. "Uma
coisa é considerar natural,
outra é sancionar isso."
Já o antropólogo Otávio
Velho, da UFRJ, saiu em defesa da ministra. "Concordo
plenamente. Ela faz uma
análise de uma situação de
opressão, é compreensível
que isso ocorra. Acho absurdo colocar uma reação subjetiva negativa em relação a
brancos como racismo."
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