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Braço direito de Dilma fez dossiê contra família FHC
Ordem para reunir dados sigilosos partiu de secretária-executiva da Casa Civil
Erenice Guerra nega ter se reunido com secretários
do ministério para discutir "levantamento de dados
de suprimento de fundos"
LEONARDO SOUZA
MARTA SALOMON
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Partiu da secretária-executiva da Casa Civil, braço direito
da ministra Dilma Rousseff, a
ordem para a organização de
um dossiê com todas as despesas realizadas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sua mulher Ruth e ministros da gestão tucana a partir de
1998. O banco de dados montado a pedido de Erenice Alves
Guerra é paralelo ao Suprim, o
sistema oficial de controle de
despesas com suprimentos de
fundos do governo.
O governo nega tratar-se de
um dossiê. A interlocutores
Erenice se responsabiliza pela
decisão de organizar processos
de despesas de FHC, isentando
a chefe de ter tomado a decisão.
Ela é conhecida como "faz-tudo" de Dilma, sendo a funcionária mais próxima da ministra
que Luiz Inácio Lula da Silva vê
como presidenciável para 2010.
Quando o trabalho começou
a ser feito, corriam as negociações no Congresso para investigar gastos com cartões corporativos do presidente Lula. Por
pressão de governistas, as investigações recuariam ao período de governo tucano. O
banco de dados avançara sobre
parte do material guardado no
arquivo morto, num dos prédios anexos do Planalto.
Um dos relatórios produzidos na Casa Civil, a que a Folha
teve acesso, mostra que os dados foram organizados de forma diversa do Suprim (Sistema
de Controle de Suprimento de
Fundos), que tem os registros
dos gastos do período Lula.
Com 13 páginas, o documento registra detalhes, fora da ordem cronológica, de diversos
gastos, com ênfase nos feitos
pela ex-primeira-dama Ruth e
naqueles que envolvem bebidas e itens como lixas de unha.
Na primeira semana após o
Carnaval, segundo a Folha
apurou, Erenice marcou reunião no Planalto com membros
da Secretaria de Administração, da Secretaria de Controle
Interno da Presidência e de outras áreas da Casa Civil.
Solicitou que fossem cedidos
funcionários de cada área para
que se criasse uma força-tarefa
encarregada de desarquivar
documentos referentes aos
gastos do governo anterior a
partir da rubrica suprimento
de fundos, que inclui cartões
corporativos e contas "tipo B"
(despesa justificada por nota
depois de o servidor receber
uma determinada verba).
A Folha apurou que Erenice
justificou a empreitada aos subordinados alegando ser preciso fazer o levantamento para
atender a eventuais demandas
da CPI dos Cartões e destacou
sua chefe-de-gabinete, Maria
de La Soledad Castrillo, para
coordenar os trabalhos.
Por meio de sua assessoria,
Erenice negou que tivesse tido
reunião com os secretários de
Controle Interno e da Secretaria de Administração e Diretoria de Logística, "para discutir
qualquer tipo de assunto referente a levantamento de dados
de suprimento de fundos".
Mas confirmou que a Casa
Civil está alimentando banco
de dados com informações do
suprimento de fundos entre
1998 e 2002 e admitiu que a
gestão da base de dados é da Secretaria de Administração e o
trabalho envolve áreas de Tecnologia da Informação, Orçamento e Finanças e Logística.
A seleção e a organização de
despesas do governo FHC durou um mês e meio, até os primeiros lançamentos das despesas no Suprim -que seria o
destino das informações. Com
a publicação da última edição
da revista "Veja", em que trechos do relatório com 13 páginas a que a Folha teve acesso
ontem foram divulgados, os dados passaram a ser digitados
diretamente no Suprim.
Por isso a Casa Civil afirma
que as informações "vazadas" à
imprensa seriam fragmentos
de relatórios de gastos ainda
em fase de digitação.
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