São Paulo, sábado, 28 de março de 2009

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Thomaz Bastos fará defesa de empreiteira

Ex-ministro de Lula nega influência do Planalto e diz ter "convicção muito forte" de que a empresa não cometeu crimes

Advogado afirma que não pode "ficar o resto da vida sem advogar'; um diretor e uma secretária da Camargo Corrêa foram indiciados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça do presidente Lula, foi contratado pela empreiteira Camargo Corrêa para reforçar a defesa das duas secretárias e dos quatro diretores da empresa presos durante a Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal.
Desde que deixou o governo, onde era chefe da PF, esse é o caso em que ele atua de maior repercussão pública, envolvendo, entre outras, suspeitas de doações ilegais a partidos políticos. "Fui procurado pela Camargo Corrêa, onde tenho amigos", afirmou Thomaz Bastos.
Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, disse acreditar que a empresa não cometeu nenhum crime. "Tanto em relação a crimes financeiros quanto a eleitorais temos uma convicção muito forte de que não existem esses crimes."
Apesar de ter se encontrado com Lula na quarta, ele nega que seu ingresso no caso tenha sido influenciado pelo petista. Disse que estava em Brasília para o evento de aniversário da PF e foi ao Planalto para "dar um abraço" no chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho.
"Ele [Carvalho] me levou ao gabinete de Lula, que estava reunido com Dilma Rousseff [Casa Civil], Alfredo Nascimento [Transportes] e Carlos Minc [Meio Ambiente], para dar um abraço no presidente, que não tocou no assunto comigo." Thomaz Bastos foi ministro de 2003 a 2007, período em que a PF, dirigida por Paulo Lacerda, deu início a megaoperações com apelo de mídia.
Indagado sobre um eventual constrangimento em atuar em caso iniciado com uma operação da PF, o advogado afirmou: "Não me sinto nem um pouco desconfortável. Para mim, tanto a defesa como a investigação fazem parte da dialética".
Ao sair do governo, em março de 2007, disse que iria adotar uma "quarentena" e evitaria atuar em causas que pudessem atingir de alguma maneira o governo. O prazo de resguardo terminou, afirmou. "Não posso ficar o resto da vida sem advogar. Há dois anos estou de "quarentena". Não é o suficiente?". Segundo o advogado, ele atuará em conjunto com Antônio Claudio Mariz de Oliveira.
Ontem, o diretor Raggi Badra Neto e a secretária Darcy Flores foram indiciados pela polícia sob a suspeita dos crimes de câmbio ilegal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro, segundo informou o Jornal Nacional.
Até o início da noite não havia decisão sobre o pedido de libertação dos detidos, que será analisado por Cecília Mello, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Três dos acusados, que estão em regime de prisão temporária (cinco dias), podem ser soltos amanhã.


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