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Thomaz Bastos fará defesa de empreiteira
Ex-ministro de Lula nega influência do Planalto e diz ter "convicção muito forte" de que a empresa não cometeu crimes
Advogado afirma que não pode "ficar o resto da vida sem advogar'; um diretor e uma secretária da Camargo Corrêa foram indiciados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O advogado Márcio Thomaz
Bastos, ex-ministro da Justiça
do presidente Lula, foi contratado pela empreiteira Camargo
Corrêa para reforçar a defesa
das duas secretárias e dos quatro diretores da empresa presos durante a Operação Castelo
de Areia, da Polícia Federal.
Desde que deixou o governo,
onde era chefe da PF, esse é o
caso em que ele atua de maior
repercussão pública, envolvendo, entre outras, suspeitas de
doações ilegais a partidos políticos. "Fui procurado pela Camargo Corrêa, onde tenho amigos", afirmou Thomaz Bastos.
Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, disse acreditar que a empresa não cometeu nenhum crime. "Tanto em
relação a crimes financeiros
quanto a eleitorais temos uma
convicção muito forte de que
não existem esses crimes."
Apesar de ter se encontrado
com Lula na quarta, ele nega
que seu ingresso no caso tenha
sido influenciado pelo petista.
Disse que estava em Brasília
para o evento de aniversário da
PF e foi ao Planalto para "dar
um abraço" no chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho.
"Ele [Carvalho] me levou ao
gabinete de Lula, que estava
reunido com Dilma Rousseff
[Casa Civil], Alfredo Nascimento [Transportes] e Carlos
Minc [Meio Ambiente], para
dar um abraço no presidente,
que não tocou no assunto comigo." Thomaz Bastos foi ministro de 2003 a 2007, período em
que a PF, dirigida por Paulo Lacerda, deu início a megaoperações com apelo de mídia.
Indagado sobre um eventual
constrangimento em atuar em
caso iniciado com uma operação da PF, o advogado afirmou:
"Não me sinto nem um pouco
desconfortável. Para mim, tanto a defesa como a investigação
fazem parte da dialética".
Ao sair do governo, em março
de 2007, disse que iria adotar
uma "quarentena" e evitaria
atuar em causas que pudessem
atingir de alguma maneira o governo. O prazo de resguardo
terminou, afirmou. "Não posso
ficar o resto da vida sem advogar. Há dois anos estou de "quarentena". Não é o suficiente?".
Segundo o advogado, ele atuará
em conjunto com Antônio
Claudio Mariz de Oliveira.
Ontem, o diretor Raggi Badra
Neto e a secretária Darcy Flores foram indiciados pela polícia sob a suspeita dos crimes de
câmbio ilegal, evasão de divisas
e lavagem de dinheiro, segundo
informou o Jornal Nacional.
Até o início da noite não havia decisão sobre o pedido de libertação dos detidos, que será
analisado por Cecília Mello, do
Tribunal Regional Federal da
3ª Região. Três dos acusados,
que estão em regime de prisão
temporária (cinco dias), podem
ser soltos amanhã.
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