São Paulo, domingo, 28 de março de 2010

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Vento sul

A campanha de José Serra tentará aproveitar o bom resultado no Sul (crescimento de dez pontos no Datafolha) para equacionar seus palanques na região.
No Rio Grande do Sul, o fôlego tomado permite sonhar com dois cenários: a) que José Fogaça (PMDB), líder nas pesquisas, pense duas vezes antes de apoiar Dilma Rousseff (PT); b) que Fogaça, diante da recuperação ensaiada por Yeda Crusius (PSDB), desista de trocar a segurança da Prefeitura de Porto Alegre pela incerteza da disputa, levando o PMDB para a órbita de Serra já no primeiro turno. Em Santa Catarina, os números reaproximam o PSDB e do PMDB, que flertava com Dilma. No Paraná, o PT fica mais dependente de uma eventual aliança com Osmar Dias (PDT).



Fortaleza 1. Embora responda por apenas 15,6% do eleitorado nacional, a região Sul importa para a campanha de Serra por ser, na era Lula, reduto do voto oposicionista.

Fortaleza 2. Entre os poucos Estados nos quais Geraldo Alckmin saiu vitorioso no segundo turno da eleição presidencial de 2006, foi no Rio Grande do Sul que o tucano obteve sua maior vantagem sobre Lula: 53% a 42%.

Sinto muito. Diagnóstico de quem conhece bem tanto Eduardo Campos quanto Ciro Gomes: o presidente do PSB está fazendo pacientemente todo o roteiro de conversas com possíveis aliados para no final poder dizer ao pré-candidato algo como: "Tentamos de tudo, mas não deu".

Rajada de balas. E Ciro vai sair da disputa presidencial em silêncio ou atirando? "Para todo lado", responde o mesmo especialista.

Liga... Depois de pôr pilha em José Alencar (PRB) para assustar adversários e aliados em Minas Gerais, o PT se deu conta de que pode acabar lhe faltando lugar na chapa e agora apela a Lula para convencer o vice-presidente a desistir de toda e qualquer candidatura.

...e desliga. A conversa mais recente para atingir tal objetivo é a de que seria "muito importante" Alencar ficar no governo, de modo a permitir que o presidente se dedique mais -eventualmente até por meio de pequenas licenças- à campanha de Dilma.

Na oposição. Comentário bem-humorado de José Alencar, quando a equipe médica polidamente se recusou a expedir um atestado segundo o qual o vice estaria em "processo de cura" do câncer: "Vocês são uns tucanos!".

Popular... Noviço em palanques, o vice-governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), começa a se soltar. Dias atrás, empolgado ao final de um discurso, pediu licença para cantar Gonzaguinha: "É a vida, é bonita e é bonita!".

...e erudito. Mas Anastasia ainda faz jus ao título de "professor" pelo qual todos o chamam. Na quinta passada, ao falar na última grande reunião de governo comandada por Aécio Neves (PSDB), o pré-candidato referiu-se aos mineiros do Vale do Jequitinhonha como "nossos concidadãos que moram em regiões menos afeitas a um bom regime pluviométrico".

Endereço. Se mantiver a rotina de passar quase todos os finais de semana em São Paulo, o ministro Cezar Peluso inovará na presidência do Supremo. Na história recente, praticamente todos os ocupantes do cargo fixaram residência em Brasília.

Trindade. Poupada da gerência do PAC, que ficará a cargo de outros ministros, Erenice Guerra elegeu três projetos prioritários para seus nove meses de Casa Civil: a hidrelétrica de Belo Monte, a ferrovia Transnordestina e o trem-bala São Paulo-Rio.

Trancado. A Rede Globo pode dormir tranquila. Não há chance de sair do limbo, na Assembleia paulista, o projeto que proíbe o término dos jogos de futebol depois das 23h.


com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"Chamem o Paulo Okamoto. Com certeza sobrará para ele pagar as multas aplicadas a Lula pela Justiça Eleitoral."

Do senador ACM JÚNIOR (DEM-BA), sobre o pouco caso manifestado por Lula diante da punição de pagar R$ 5.000 por fazer campanha antecipada; no passado, o presidente do Sebrae declarou ter assumido uma dívida de R$ 30 mil do amigo.

Contraponto

Vara especial

Na quarta-feira passada, um grupo de parlamentares oposicionistas entregou ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, um pedido formal de investigação sobre as conexões entre os escândalos do mensalão e o caso Bancoop, que envolve o tesoureiro do PT, João Vaccari.
Para quebrar o gelo, o líder do PSDB na Câmara, João Almeida, começou por dizer que os tucanos não tinham a intenção de sobrecarregar o procurador-geral:
-Não queremos abusar...
Gurgel tratou de deixar os visitantes à vontade:
-Fiquem tranquilos. Eu soube que, quando vocês estavam no governo, chegou a se discutir aqui a abertura de um protocolo para uso exclusivo do PT!


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