São Paulo, domingo, 28 de março de 2010

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ANÁLISE

Desafio do PT é converter potencial em transferência

Taxa dos que votam em quem Lula indicar, mas desconhecem Dilma, não muda há 3 meses

MAURO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
ALESSANDRO JANONI
DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA

Os resultados da última pesquisa Datafolha sobre a sucessão presidencial reforçam o caráter volátil de uma disputa polarizada. Os movimentos identificados nas curvas de intenção de voto nos últimos três meses garantem a José Serra e Dilma Rousseff o protagonismo do cenário pré-eleitoral.
A atenção concentrada nos dois candidatos e a avaliação dessa exposição por parte do eleitorado determinam as mudanças observadas no período.
E qual seria então o papel reservado ao principal cabo eleitoral dessa disputa, o presidente Lula? Desde dezembro de 2009, o Datafolha monitora o potencial de transferência de votos do presidente para sua candidata e o diagnóstico é o de que, até aqui, o fenômeno não aconteceu em sua totalidade.
Na ocasião, o instituto chegou a 15% de brasileiros que ainda não votavam em Dilma por não saberem que ela era a candidata apoiada por Lula. Em fevereiro, apesar de a petista ter "encostado" em Serra, diminuindo em dez pontos percentuais a diferença que amargava para o tucano, essa taxa manteve-se estável em 14%.
Nesse levantamento, realizado há um mês, o Datafolha explicava que a aproximação dos dois candidatos se dava muito mais por desgaste do governador de São Paulo em segmentos de peso do eleitorado do que propriamente pelo apoio do presidente à petista.
Na pesquisa divulgada ontem, confirma-se a estabilidade do potencial de transferência de votos de Lula a Dilma. A taxa de 14% que dizem votar com certeza em quem Lula indicar, mas que ainda não o fazem por desconhecer a candidata, está inalterada há três meses.
A vantagem de nove pontos que Serra abre sobre Dilma resulta principalmente de um crescimento importante do tucano nas áreas metropolitanas da região Sul e numa modesta recuperação no Sudeste, especialmente no Estado de São Paulo, já que no conjunto dos outros Estados que compõem a região (RJ, MG e ES) Serra apresenta queda de quatro pontos percentuais em relação a dezembro, enquanto Dilma tem crescimento de seis pontos no mesmo período.
O perfil dos 14% de brasileiros que querem votar na candidata de Lula, mas que ainda não o fazem por desconhecer Dilma, é de baixa escolaridade, baixa renda e de grande concentração na região Nordeste.
Do sucesso do governo na comunicação do apoio do presidente a Dilma, e na sua interpretação por parte desses eleitores, em especial na comparação que fará entre as características que enxergará em Dilma e as que identifica em Lula, depende o quanto esse potencial expressivo, demonstrado na pesquisa, se concretizará de fato em transferência efetiva de votos. Só assim se saberá se Lula é mesmo protagonista neste processo ou apenas mais um coadjuvante.


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