|
Texto Anterior | Índice
Diretor de "Avatar" pede que Brasil desista de hidrelétrica
James Cameron comparou luta de índios e ribeirinhos contra usina à dos Na'vi
Cineasta afirma que obra no rio Xingu "ameaça destruir grandes territórios" e nega que a sequência do filme seja rodada na Amazônia
Marlene Bergamo/Folha Imagem
|
|
James Cameron cumprimenta participante de fórum no AM
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
LAURA CAPRIGLIONE
MARLENE BERGAMO
ENVIADAS ESPECIAIS A MANAUS
No último dia do Fórum Internacional de Sustentabilidade, realizado em Manaus, o diretor do premiado filme "Avatar", James Cameron, "implorou" ao presidente Lula que reconsidere a intenção de construir a usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu. O cineasta comparou a luta dos índios caiapós e ribeirinhos, que
se opõem à usina, à dos Na'vi,
povo criado por ele no filme e
que vive na floresta de Pandora.
"Belo Monte ameaça destruir grandes territórios e a
barragem será a terceira do
mundo. Foi aprovada recentemente pelo governo brasileiro e
vai mudar a direção do rio Xingu, afetar as populações e os
caiapós, que lutaram muito para defender seus direitos à propriedade", disse Cameron.
"O que temos aqui são povos
ameaçados, como os Na'vi. Mas
eles não têm pessoas aladas, como no filme." Em estudo da
ONG ambientalista WWF, disse ele, ficou demonstrado que,
se o Brasil for investir em eficiência de energia, poderia gerar 14 vezes mais energia.
"Eu imploro que o governo
Lula reconsidere esse projeto e
depois, eu imploro para ele se
envolver em grupos que estão
lutando por causas ambientais
e direitos indígenas", disse.
O governo brasileiro já anunciou que o leilão da hidrelétrica
de Belo Monte será em abril.
Sobre a possibilidade de rodar "Avatar 2" na Amazônia venezuelana ou brasileira, Cameron disse ser boato. ""Avatar" foi
feito todo por computador, na
Nova Zelândia, em estúdio."
James Cameron disse que tomou conhecimento dos impactos ambientais que vão ocorrer
com a construção de Belo Monte pela ONG Amazon Watch,
que trabalha com indígenas.
A Folha perguntou a Cameron se, assim como "implorou"
a Lula, ele pretenderia "implorar" ao presidente Barack Obama pela retirada o quanto antes das tropas americanas do
Iraque e do Afeganistão.
O diretor disse que, a Obama,
pediria "para realmente olhar
para o futuro e entender que
essas pessoas estão sendo enviadas para lutar no Oriente
Médio e que isso continuará
até que não precisaremos mais
de petróleo. Acho que isso é
claro ao Obama, que é muito
consciente na questão".
Após finalizar a conferência,
Cameron foi homenageado por
índios das etnias saterê, dessana e ticuna, entre eles, Jecinaldo Barbosa, que estava com o
rosto pintado de urucum e usava um cocar. O cineasta chegou
a chorar por isso. Barbosa, porém, não vive mais na floresta.
É secretário de Política Indígena do AM e candidato a deputado estadual pelo PMN -na vida cotidiana, veste-se de calça
jeans e camiseta.
Texto Anterior: Imprensa: Justiça condena quatro por morte de jornalista Índice
|