São Paulo, sábado, 28 de abril de 2007

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Leonardo Wen/Folha Imagem
O presidente Lula após encontro com o presidente e a primeira-dama da Argentina, Néstor Kirchner e Cristina, ontem, em Olivos


Na Argentina, Lula apóia Kirchner em ano eleitoral

Brasileiro anuncia cooperação energética com vizinho, ameaçado por crise no setor

Presidente posa para foto com colega argentino e mulher, ambos possíveis candidatos na eleição que acontece em outubro


BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES

A seis meses das eleições presidenciais argentinas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou em Buenos Aires que o Brasil reforçará sua aliança de cooperação energética com a Argentina para que os dois países tenham mais independência na produção de energia.
Lula citou interesse em parcerias em energia hidrelétrica, nuclear, termelétrica, biodiesel e até em energia eólica. "Temos clareza de que é preciso discutir com mais profundidade a situação energética do nosso continente e sobretudo a relação energética de Brasil e Argentina. Ainda não exploramos o potencial que temos."
Foi um forte gesto político de Lula em apoio ao presidente argentino Néstor Kirchner, que enfrenta um cenário interno de ameaça de crise energética por falta de investimentos.
O presidente classificou o tema como o mais importante em sua visita à Argentina e disse que esse será o assunto de uma reunião de uma comissão bilateral de energia em Brasília, no dia próximo dia 15. Devem participar os ministros Silas Rondeau (Minas e Energia) e o argentino Julio De Vido (Planejamento e Infra-estrutura).
Segundo o chanceler Celso Amorim, único ministro que acompanhou o presidente a Buenos Aires, os dois governos colocarão em marcha uma estratégia comum para a produção de biocombustíveis e também trabalharão na integração de outras fontes energéticas.
Nas 17 horas em que Lula permaneceu na Argentina, no entanto, ao contrário do que foi feito no Chile com relação à produção do etanol, não foi assinado nenhum acordo.
"Também decidimos que vamos trabalhar com muito mais carinho essa história das alianças entre os dois países", declarou Lula, para quem a relação entre Brasil e Argentina "vive seu melhor momento histórico". "Vamos poder ser exemplo de aliança política para a nossa relação com a União Européia e com a Organização Mundial do Comércio", afirmou.
No início da tarde, Lula, Kirchner e a primeira-dama argentina, Cristina Fernández de Kirchner, juntaram as mãos no pátio da residência presidencial de Olivos (Grande Buenos Aires) para posar para fotógrafos e câmeras de TV. A imagem somou-se ao apoio declarado por Lula nesta semana à continuidade do atual governo argentino, seja com Kirchner ou com Cristina no comando.
Segundo Lula, a conversa com Kirchner foi "política" e estava na agenda há muito tempo. "Tanto o presidente Kirchner quanto eu estamos convencidos da importância do reforço da relação bilateral."
Ao ser questionado sobre a eleição argentina, Lula disse que já havia expressado sua opinião à imprensa argentina.
Em entrevista publicada na quinta-feira pelos três principais diários argentinos -"Clarín", "La Nación" e "Página/ 12"-, Lula declarou que Kirchner é "uma bênção extraordinária" para a Argentina e classificou a continuidade do governo do colega argentino como "extremamente importante para a integração regional".
Kirchner ainda não anunciou se tentará a reeleição. O argentino faz mistério com a eventual indicação da primeira-dama, que também é senadora, como candidata.
Lula também afirmou que o Brasil não terá problemas em participar do Banco do Sul depois que ficar definida a finalidade do banco e a participação de cada país e se ficar claro que haverá benefícios para a região.


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