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Advogado alvo da PF decide se afastar de conselho do BNDES
Em carta, Ricardo Tosto sugere auditoria sobre empréstimos investigados pela polícia
Conselheiro do banco foi preso na Operação Santa Teresa na quinta e libertado sábado; ele foi indiciado por suposta "influência política"
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O advogado Ricardo Tosto de
Oliveira Carvalho, 45, investigado pela Operação Santa Tereza, da Polícia Federal, pedirá
hoje o afastamento do cargo de
conselheiro de administração
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), além de sugerir uma
auditoria nos contratos de empréstimo que são alvo do inquérito na PF. O pedido será feito
por fax ao presidente do banco
estatal, Luciano Coutinho.
O advogado, que ocupa o cargo no BNDES desde agosto de
2007 por indicação da Força
Sindical, foi libertado no último
sábado pela PF de São Paulo,
onde estava preso desde a quinta-feira. A polícia informou à
Justiça Federal que a prisão de
Tosto não era mais necessária
para o andamento da investigação. Ele foi indiciado pela PF
por supostamente ter exercido
influência política na liberação
de empréstimos que depois teriam sido desviados num esquema que envolveria empresas de fachada.
A PF investiga principalmente empréstimos para a Prefeitura de Praia Grande (SP) e para as Lojas Marisa.
Em entrevista concedida ontem à Folha, por telefone, Tosto disse estar "emocionalmente destruído". "É uma tortura
emocional. Primeiro te prendem, daí a pessoa fica presa lá
[na PF], sem ser ouvida, para a
pessoa sofrer lá embaixo [na
cela]. Depois te chamam. Depois dessa tortura psicológica,
aí você vai depor psicologicamente destruído", disse Tosto.
O advogado afirmou que as
suspeitas da PF são "improcedentes" e considerou "absurdo,
uma violência" o fato de ter sido algemado e exposto a câmeras da imprensa, logo após a
prisão. Disse que nunca interferiu nos empréstimos citados
na investigação e que eles não
passaram pelo Conselho de Administração do banco. "Não
passaram. Você não tem poder
[de interferência]. Você ali discute a estratégia macro do banco. Nunca conversei com ninguém sobre isso [empréstimos]. Não assinei, não aprovei,
não falei com ninguém. E fiquei preso e estou destruído."
O advogado afirmou que o
banco tem um "quadro técnico
excelente". "Não consigo nem
imaginar essa corrupção [afirmada pela PF]. Não tem, hoje
em dia, um esquema no
BNDES. É impossível haver",
disse o advogado.
Tosto afirmou que só tomou
conhecimento do inquérito
que o investigava quando foi
preso, na quinta-feira. Interceptações telefônicas feitas pela PF sugerem que ele tenha tido acesso privilegiado a informações sobre a investigação e
que as teria vazado para outro
investigado. "Isso foi uma confusão da PF. O cara da [empresa] Progus, Mantovani, é cliente do escritório. Tem um inquérito contra ele, e eu estava
falando no telefone sobre esse
inquérito. O inquérito existe,
vai ser comprovado, mas não
posso falar sobre ele por sigilo
profissional", disse o advogado.
O conselheiro do BNDES
afirmou que nunca conversou
com garotas de programa sobre
empréstimos ou recursos no
exterior e que a existência do
diálogo lhe foi desmentida pelo
delegado encarregado da investigação. "O próprio delegado
disse que isso não existiu."
Segundo Tosto, as citações a
seu nome em conversas de outras pessoas sob investigação
na operação da PF, se ocorreram (ele disse que não leu as
degravações das interceptações), foram um uso indevido
de seu nome. "Vou dar um
exemplo. O Vavá [irmão do
presidente Lula] falava de Lula.
O Lula foi preso?", disse o advogado, referindo-se a diálogos
captados no ano passado pela
PF na Operação Xeque-Mate.
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