São Paulo, terça-feira, 28 de abril de 2009

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Lula reafirma apoio a Dilma, mas diz que depende da base

"Eu não sou o partido; tem que passar pela base aliada", diz presidente ao lado da ministra

Declaração é feita dois dias após Dilma anunciar estar se tratando de um linfoma; petista diz que "prioridade zero" dela é cuidar da saúde


Euzivaldo Queiroz/"A Crítica"
Dilma e Francisca dos Santos, quebradeira de coco que se apresentava em evento em Manaus e chamou a ministra para dançar

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em Manaus, que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) é a sua candidata à Presidência da República em 2010, mas que a decisão sobre a candidatura depende da base aliada do PT.
"Eu já disse publicamente que a Dilma é minha candidata. Agora, eu não sou o partido [PT]. Tem que passar pela base aliada, tem que passar por uma discussão", afirmou Lula.
A declaração do presidente foi feita dois dias depois de a ministra anunciar que está se submetendo a um tratamento para combater um linfoma, um tipo de câncer.
Lula, que participou de inaugurações e vistorias de obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) na capital do Amazonas, afirmou ainda que a prioridade da ministra agora é cuidar da saúde.
"Qual é a prioridade da Dilma nesse instante? Prioridade zero é cuidar da saúde dela. Tem que se cuidar porque com essas coisas a gente não brinca. A segunda prioridade dela, até para superar a primeira, a doença, é trabalhar, enfiar a cabeça nesse PAC 24 horas por dia."
O presidente falou sobre a doença da ministra quando visitou a obra do terminal hidroviário de São Raimundo, na região centro-oeste de Manaus.
Durante a visita, carros de som trazidos por militantes do PT tocaram um antigo jingle usado pelo petista em campanhas presidenciais.
Antes, ele esteve em obras de uma ponte sobre o rio Negro. Além de Dilma, também acompanhavam o presidente o governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB), e os ministros Nelson Jobim (Defesa), Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) e Alfredo Nascimento (Transportes).
Nas duas visitas a obras, a ministra mostrou boa disposição. Lula afirmou que não há razão para ela "fraquejar" diante da doença e que a ministra "não tem mais nada, segundo os próprios médicos falaram".
"A ciência evoluiu demais e, obviamente, é sempre muito difícil, sempre muito duro, saber que em uma pessoa foi detectada uma doença que precisa de cuidados especiais", afirmou o presidente Lula.
"Eu penso que a Dilma está se comportando do mesmo jeito que se comportava antes de saber da notícia. Nessas horas, não tem por que a gente fraquejar. A gente tem que ficar de cabeça erguida, encarar a realidade, trabalhar", disse ele.
Quando o presidente afirmou que ela deveria "enfiar a cabeça nesse PAC 24 horas por dia", a ministra, que estava ao lado, disse sorrindo: "18 horas não está bom, não?".
"No fundo, o que estamos construindo é um patrimônio da nação, e ela [Dilma] tem a responsabilidade de ser gestora disso, de ser a grande gerente, e nós não podemos deixar parar. Eu tenho a convicção de que não vai parar um minuto", respondeu Lula.
No início da tarde, o presidente e os ministros almoçaram no Centro Cultural dos Povos da Amazônia. No local, foram entregues títulos de terra do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e foi lançado um plano de sociobiodiversidade.
Hoje o presidente Lula viaja para o Acre.


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