|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Tem que rezar, recomenda presidente a ministra
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
Ontem à noite, durante a
inauguração de um conjunto
habitacional em Manaus, que
precisou ter o nome alterado às
pressas por ser batizado com
seu nome, o presidente Lula falou em discurso que a ministra
da Casa Civil, Dilma Rousseff,
precisa "começar a rezar".
"Olha na cara desse povo",
disse o presidente, chamando a
ministra. "Esse povo não perde
a esperança nunca. Se você não
rezava toda noite, você agora
trate de começar a rezar. Porque esse povo vai precisar muito de você daqui para a frente e
você vai ter que fazer muita coisa por esse povo."
Após o discurso, para cerca
de 5.000 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, houve gritos na plateia de "Dilma
presidente". Cartazes também
mencionavam a possível candidatura. Ao discursar, ela embargou a voz e agradeceu aos
presentes. "A solidariedade de
vocês vai me ajudar a superá-la
[a doença]." Dilma anunciou
estar em tratamento contra um
linfoma, um tipo de câncer.
Em 2008, ao ser questionada
em sabatina da Folha se acreditava ou não em Deus, ela disse se equilibrar nessa questão.
"Será que há? Será que não
há? (...) Tenho toda formação
religiosa que uma pessoa de
minha geração teve no Brasil.
Fiquei durante muito tempo
meio descrente. Acredito que
as diferentes religiosidades são
fundamentais para as pessoas
viverem. A gente não pode
achar que só existe aquele seu
Deus", afirmou, à época.
Antes da inauguração, também em Manaus, Dilma afirmou que achou "muito bom"
ter anunciado sua doença em
público no último sábado. Ontem pela manhã, acompanhando as visitas de Lula a obras no
Amazonas, ela posou para fotos
e deu autógrafos.
Dilma afirmou, quando vistoriava obras do terminal hidroviário de São Raimundo,
que está "perfeitamente bem".
Falou que não parou de trabalhar devido ao tratamento, mas
disse que ninguém é "super-homem ou supermulher".
A ministra justificou a decisão de anunciar o tratamento
dizendo que, por ser uma "pessoa pública", deve satisfação à
população e que agiu da forma
"mais transparente".
"É uma doença muito insidiosa. Não tive sintoma nenhum, eu fiz um procedimento
laboratorial. Já estou começando a tomar remédio, vou fazer quimioterapia." Ela afirmou que teve "muita sorte" pelo fato de o linfoma ter sido detectado em estágio inicial.
Questionada sobre a possibilidade de ser a candidata do PT
à Presidência em 2010, a ministra disse que já não costumava falar sobre o assunto e vai
continuar sem se manifestar.
Lula interrompeu a entrevista da ministra e disse: "Mais
uma pergunta sobre doença, vira doença. Vamos, Dilma".
No Centro Cultural dos Povos da Amazônia -um dos sete
eventos programados ontem-,
onde participou de almoço
com Lula e governadores, a ministra foi chamada para dançar
por uma quebradeira de coco,
Francisca dos Santos, 69, que
fazia uma apresentação no local. Dilma aceitou e foi abraçada por ela.
(KB)
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Revelar doença foi "muito bom", diz ministra Índice
|