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Futura candidatura Dilma divide opiniões
Na base aliada e na oposição, há quem defenda que anúncio de doença pode "influenciar positivamente" pretensão de disputar Planalto
Surpresos com a notícia, aliados, especialmente do PMDB, manifestam dúvida quanto à estabilidade da candidatura da ministra
DA REPORTAGEM LOCAL
DA FOLHA RIBEIRÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Passado o impacto inicial, o
anúncio de que a ministra da
Casa Civil, Dilma Rousseff, será
submetida à quimioterapia para combater um câncer linfático produziu leituras bem diferentes no mundo político.
Para alguns -aliados ou adversários-, a eventual candidatura da ministra à Presidência
sofreria abalos com a doença.
Mas, na opinião de outros, inclusive petistas, confirmado o
prognóstico dos médicos, Dilma poderá ser beneficiada pela
imagem de mulher forte, capaz
de vencer adversidades.
É, por exemplo, o que pensa o
presidente estadual do PMDB,
ex-governador Orestes Quércia. Apostando na recuperação
da ministra, Quércia disse que,
pela comoção que provoca, o
episódio pode "influenciar positivamente" a candidatura.
"Há um sentido emocional
muito grande nisso. Ela pode
ser beneficiada", disse Quércia,
em consonância com um petista para quem o problema de
Dilma sensibilizaria o eleitor.
Entre tucanos ligados ao governador José Serra (PSDB-SP), há quem acredite que, superado o problema, a imagem
de Dilma será suavizada.
"Por enquanto, nada muda.
Mas estamos apreensivos. É
um erro achar que isso pode ser
positivo. Não há nada positivo
numa doença", reagiu o ex-governador do Acre Jorge Viana
(PT), confirmando que Dilma
decidiu se manifestar a pedido
do presidente Lula. "Ele estava
preocupado", afirmou.
Para Serra, pré-candidato do
PSDB à Presidência, é "desrespeitoso" e de "mau gosto" misturar o estado de saúde de Dilma com a sucessão presidencial. "Já desejei para ela completo e pronto restabelecimento e ponto final. Acho que especular eleição com doença não é
apropriado e, no meu ponto de
vista, é até de mau gosto", afirmou o governador durante a
Agrishow, em Ribeirão Preto,
(313 km de São Paulo).
Ainda surpresos com a notícia, aliados do governo -especialmente do PMDB- manifestavam dúvida quanto à estabilidade da candidatura Dilma.
"Tudo vai depender do estado de espírito dela, de como ela
encara. Estou otimista. Mas, se
tiver um problema com a Dilma, será um problema para o
PT e para o PMDB", reconheceu o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves.
Após um telefonema de Lula,
o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), reiterou o
apoio a Dilma para o Planalto.
Segundo ele, Lula se mostrou
confiante na recuperação da
ministra. "Ele [Lula] disse que
ela agiu muito bem [ao admitir
a doença]. Dilma foi clara, valente e transparente", disse, rechaçando mudanças de planos.
"Ela é a nossa candidata. E será
presidente em 2011."
O presidente da Câmara e
presidente licenciado do
PMDB, Michel Temer (PMDB-SP), que no sábado havia afirmado que o quadro sucessório
dependia da evolução do tratamento da ministra, recuou e
disse ontem que seu partido
não pensa em um "plano B".
"Só vamos discutir [a sucessão] no fim deste ano. Nunca
foi hora, muito menos agora, de
discutir esse assunto. Vamos
prosseguir no plano A. A chance de recuperação é de 90%."
O ministro José Múcio (Relações Institucionais) reconheceu que a notícia provocara turbulência na base. "Meu telefone não parou de tocar. Mas, nas
eleições, isso será passado."
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