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Ainda travado com PT, PSB tira Ciro do páreo
Partidos não anunciaram avanços nas alianças regionais; apesar de críticas, Dilma e aliados de Lula elogiaram o deputado
Em artigo em seu site, Ciro afirma que decisão é "um erro tático" do partido e "uma deserção de nossos deveres para com o país"
MARIA CLARA CABRAL
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem anunciar avanços nas
alianças regionais com o PT, a
Executiva Nacional do PSB
confirmou ontem por 20 a 7 o
que já se sabia nos bastidores
do partido desde a semana passada: o sepultamento da candidatura presidencial do deputado Ciro Gomes e o provável
apoio a Dilma Rousseff (PT).
Em uma reunião tensa, sem a
presença de Ciro, integrantes
da legenda acusaram a direção
de ser subserviente ao PT e ao
presidente Lula, que quer
transformar as eleições em
uma disputa plebiscitária entre
Dilma e o tucano José Serra.
"Não adianta dar murro em
ponta de faca se 20 Estados dizem não querer", resumiu o deputado Beto Albuquerque ao
sair da sala em cuja porta havia
um adesivo "Agora é Ciro".
O presidente do partido,
Eduardo Campos, anunciou a
decisão argumentando que Ciro estava isolado e que o PSB teria muito a perder nos Estados.
"O partido teve que se colocar para fazer quase que uma
escolha de Sofia: ia levar à degola vários candidatos ao governo, ao Senado, se continuasse
pelejando pela candidatura."
Campos disse que o apoio do
PSB a Dilma é o "caminho natural", tendência reproduzida
em nota divulgada ao final. Na
terça, a cúpula do partido se
reúne com o PT para tratar da
aliança, que deve ser formalizada em 17 de maio. Campos afirmou que não transformará o
apoio em "permuta", mas disse
que exigirá o mesmo tratamento dado aos outros aliados.
O PSB já tem acordos com o
PT, mas espera novas concessões. Não houve anúncios ontem porque o PT temia melindrar mais ainda o deputado.
Segundo pesquisa Datafolha
divulgada no dia 19, Ciro tem
9% das intenções de voto e está
empatado tecnicamente com
Marina Silva (PV) em terceiro
lugar. Nos últimos dias, ele desferiu ataques contra PT, Dilma,
Lula e seu próprio partido.
Em artigo em seu site, Ciro
lamentou a decisão do PSB,
mas disse que irá acatá-la.
"Acho um erro tático em relação ao melhor interesse do partido e uma deserção de nossos
deveres", disse no texto. Afirmou, porém, que seu engajamento dependerá de como o
partido tratará suas propostas.
Ciro deveria se encontrar com
a cúpula do PSB ainda ontem.
Durante todo o dia, governistas buscaram elogiá-lo. Dilma
disse que ainda tem esperanças
de que ele "volte a estar mais
próximo". O Planalto não perdeu a esperança de convencê-lo
a embarcar na campanha petista. "Consideramos o Ciro muito mais aliado do que muitos
que elogiam o governo apenas",
afirmou o chefe de gabinete de
Lula, Gilberto Carvalho.
Colaboraram MÁRCIO FALCÃO e GABRIELA
GUERREIRO, da Sucursal de Brasília
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