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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Se reeleito, Lula quer buscar
acordo político com tucanos
Presidente busca diluir dependência do PMDB em eventual segundo governo
Ele avalia que Aécio e Serra,
que cobiçarão Planalto em
2010 se eleitos em Minas e
São Paulo, terão interesse
em fim de guerra com PT
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em conversas reservadas, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva já faz planos para um segundo mandato. Além da oferta
de governo de coalizão com o
PMDB, Lula diz que tentará fazer um acordo político com o
que ele chama de prováveis
"vencedores" do PSDB após as
eleições de outubro.
Lula avalia que os "vencedores" serão Aécio Neves, que deverá ser eleito governador de
Minas, e José Serra, favorito na
disputa pelo governo paulista.
Segundo pesquisa Datafolha
divulgada na sexta, Aécio e Serra seriam eleitos no primeiro
turno com expressiva vantagem sobre o segundo colocado.
O acordo imaginado por Lula
passa por agenda comum e pela
interrupção da guerra que PT e
PSDB travam desde o início do
escândalo do "mensalão".
O presidente, como declarou
na sexta, pretende reeditar nesta campanha a versão "Lulinha
Paz e Amor" de 2002. Ele conta
com o interesse de Aécio e Serra em disputar a Presidência
em 2010, quando não poderá
concorrer, se reeleito. Lula tem
canal direto com Aécio. E vice-versa. Em Minas, é comum a intenção de voto Lula-Aécio.
A relação com Serra é complicada do ponto de vista político devido à candidatura ao Palácio dos Bandeirantes de Aloizio Mercadante, ex-líder do PT
no Senado. Pessoalmente, ambos dizem gostar um do outro.
Lula deixará claro seu apoio a
Mercadante, mas não pretende
atuar como em 2004, quando
respondeu a processo na Justiça Eleitoral ao participar de ato
de campanha da então prefeita
Marta Suplicy, vencida justamente por Serra.
Cautela
Na condição de candidato,
Lula tem preocupação com o
ministro do Supremo Tribunal
Federal Marco Aurélio de Mello na presidência do Tribunal
Superior Eleitoral. Na avaliação do Planalto, Marco Aurélio
deu sinais de que será osso duro
de roer caso Lula dê motivo para contestações na Justiça.
O presidente também quer
dar um sinal político à oposição: não pretende, se eleito, ir à
forra contra o bombardeio que
tem sofrido. Na avaliação do
petista, Serra e Aécio liderarão
a oposição a partir de 2007.
As maiores mágoas de Lula
são com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e
com o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).
Lula designou cinco emissários para contatos com o PSDB.
O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais), já convidou o líder do PSDB no Senado,
Arthur Virgílio (AM), para uma
reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. O ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) teve ao
menos três encontros com Serra na crise do "mensalão". E o
presidente da Câmara, Aldo
Rebelo (PCdoB-SP), já falou
com o tucano em nome de Lula.
O ex-tucano e hoje deputado
petista Sigmaringa Seixas (DF)
também atua como bombeiro
em momentos de crise.
Em Minas, o prefeito de Belo
Horizonte, Fernando Pimentel
(PT), é uma das principais pontes de Lula com o tucano.
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