São Paulo, domingo, 28 de maio de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Se reeleito, Lula quer buscar acordo político com tucanos

Presidente busca diluir dependência do PMDB em eventual segundo governo

Ele avalia que Aécio e Serra, que cobiçarão Planalto em 2010 se eleitos em Minas e São Paulo, terão interesse em fim de guerra com PT

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em conversas reservadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já faz planos para um segundo mandato. Além da oferta de governo de coalizão com o PMDB, Lula diz que tentará fazer um acordo político com o que ele chama de prováveis "vencedores" do PSDB após as eleições de outubro.
Lula avalia que os "vencedores" serão Aécio Neves, que deverá ser eleito governador de Minas, e José Serra, favorito na disputa pelo governo paulista. Segundo pesquisa Datafolha divulgada na sexta, Aécio e Serra seriam eleitos no primeiro turno com expressiva vantagem sobre o segundo colocado.
O acordo imaginado por Lula passa por agenda comum e pela interrupção da guerra que PT e PSDB travam desde o início do escândalo do "mensalão".
O presidente, como declarou na sexta, pretende reeditar nesta campanha a versão "Lulinha Paz e Amor" de 2002. Ele conta com o interesse de Aécio e Serra em disputar a Presidência em 2010, quando não poderá concorrer, se reeleito. Lula tem canal direto com Aécio. E vice-versa. Em Minas, é comum a intenção de voto Lula-Aécio.
A relação com Serra é complicada do ponto de vista político devido à candidatura ao Palácio dos Bandeirantes de Aloizio Mercadante, ex-líder do PT no Senado. Pessoalmente, ambos dizem gostar um do outro.
Lula deixará claro seu apoio a Mercadante, mas não pretende atuar como em 2004, quando respondeu a processo na Justiça Eleitoral ao participar de ato de campanha da então prefeita Marta Suplicy, vencida justamente por Serra.

Cautela
Na condição de candidato, Lula tem preocupação com o ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio de Mello na presidência do Tribunal Superior Eleitoral. Na avaliação do Planalto, Marco Aurélio deu sinais de que será osso duro de roer caso Lula dê motivo para contestações na Justiça.
O presidente também quer dar um sinal político à oposição: não pretende, se eleito, ir à forra contra o bombardeio que tem sofrido. Na avaliação do petista, Serra e Aécio liderarão a oposição a partir de 2007.
As maiores mágoas de Lula são com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e com o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).
Lula designou cinco emissários para contatos com o PSDB. O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais), já convidou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), para uma reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. O ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) teve ao menos três encontros com Serra na crise do "mensalão". E o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), já falou com o tucano em nome de Lula. O ex-tucano e hoje deputado petista Sigmaringa Seixas (DF) também atua como bombeiro em momentos de crise.
Em Minas, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), é uma das principais pontes de Lula com o tucano.


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