São Paulo, domingo, 28 de maio de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Criador de cidades é o coordenador de campanha do PSDB

João Carlos Meirelles, responsável pelo programa de governo de Geraldo Alckmin, é visto como pouco prático por tucanos

Ex-fazendeiro fundou municípios em Mato Grosso e no Pará e já foi secretário de Ciência e Tecnologia do pré-candidato à Presidência

DA REPORTAGEM LOCAL

De uma tradicional família de agricultores -o último de seus ancestrais teria chegado ao Brasil em 1700-, o paulistano João Carlos de Souza Mei- relles, 71, coordenou a campanha vitoriosa do tucano ao governo de São Paulo em 2002 e foi seu secretário de Ciência e Tecnologia. Atualmente é coordenador do programa de governo presidencial do PSDB.
Graduado em engenharia pela USP, Meirelles foi vereador em São Paulo, largou a carreira para fundar cidades e voltou à política para se tornar secretário de Agricultura de Mario Covas entre 1998 e 2002, quando aproximou-se de Alckmin.
Aos amigos, gosta de se auto-intitular "caboclo", por sua experiência no campo. Sobre sua formação, diz que é um "socialista democrático" e um "cristão de esquerda". Já no PSDB, seus adversários acham que Meirelles fala mais do que faz. Por isso o chamam de "Rolando Lero" em alusão ao personagem do extinto humorístico "Escolinha do Professor Raimundo", que se notabilizou por discursos longos na forma e curtos no conteúdo.

A carreira do caboclo
Entre os anos 70 e 80, Mei- relles abriu fronteiras agrícolas. Fundou cidades como Juruena, Cotriguaçu e Matupá (Mato Grosso), se envolveu nos projetos Carajás 2 e 3 (Pará) e foi presidente da Associação de Empresários da Amazônia: "Eu era um construtor de oportunidades", diz Meirelles que, após deixar as colonizações, foi representar o setor agropecuário do país no exterior. "Ele é o embaixador da carne brasileira", diz Antenor Nogueira, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.
Hoje, porém, o trabalho de Meirelles é colocado em xeque. No Pará, suas colonizações viraram pastos. No Mato Grosso, Juruena quase virou moeda para pagar uma dívida do tucano. A cidade foi salva, mas a dívida custou ao "caboclo" suas fazendas -todas em Bonito (MS).
Na Secretaria de Agricultura, a gestão de Meirelles é elogiada pelo que idealizou e criticada pelo pouco que saiu do papel. "Ele é um futurista, pouco prático", afirma um amigo.
As críticas, contudo, não incomodam Meirelles. Ele gosta de ser um homem mais preocupado com as idéias do que com a sua execução. Questionado sobre os detalhes de um futuro governo Alckmin, diz: "Os técnicos é que vão dizer, nós somos os gestores da estratégia". (LEANDRO BEGUOCI e CÁTIA SEABRA)


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