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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Criador de cidades é o coordenador de campanha do PSDB
João Carlos Meirelles, responsável pelo programa de governo de Geraldo Alckmin, é visto como pouco prático por tucanos
Ex-fazendeiro fundou municípios em Mato Grosso e no Pará e já foi secretário de Ciência e Tecnologia do pré-candidato à Presidência
DA REPORTAGEM LOCAL
De uma tradicional família
de agricultores -o último de
seus ancestrais teria chegado
ao Brasil em 1700-, o paulistano João Carlos de Souza Mei-
relles, 71, coordenou a campanha vitoriosa do tucano ao governo de São Paulo em 2002 e
foi seu secretário de Ciência e
Tecnologia. Atualmente é coordenador do programa de governo presidencial do PSDB.
Graduado em engenharia pela USP, Meirelles foi vereador
em São Paulo, largou a carreira
para fundar cidades e voltou à
política para se tornar secretário de Agricultura de Mario Covas entre 1998 e 2002, quando
aproximou-se de Alckmin.
Aos amigos, gosta de se auto-intitular "caboclo", por sua experiência no campo. Sobre sua
formação, diz que é um "socialista democrático" e um "cristão de esquerda". Já no PSDB,
seus adversários acham que
Meirelles fala mais do que faz.
Por isso o chamam de "Rolando
Lero" em alusão ao personagem do extinto humorístico
"Escolinha do Professor Raimundo", que se notabilizou por
discursos longos na forma e
curtos no conteúdo.
A carreira do caboclo
Entre os anos 70 e 80, Mei-
relles abriu fronteiras agrícolas. Fundou cidades como Juruena, Cotriguaçu e Matupá
(Mato Grosso), se envolveu nos
projetos Carajás 2 e 3 (Pará) e
foi presidente da Associação de
Empresários da Amazônia: "Eu
era um construtor de oportunidades", diz Meirelles que, após
deixar as colonizações, foi representar o setor agropecuário
do país no exterior. "Ele é o embaixador da carne brasileira",
diz Antenor Nogueira, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.
Hoje, porém, o trabalho de
Meirelles é colocado em xeque.
No Pará, suas colonizações viraram pastos. No Mato Grosso,
Juruena quase virou moeda para pagar uma dívida do tucano.
A cidade foi salva, mas a dívida
custou ao "caboclo" suas fazendas -todas em Bonito (MS).
Na Secretaria de Agricultura,
a gestão de Meirelles é elogiada
pelo que idealizou e criticada
pelo pouco que saiu do papel.
"Ele é um futurista, pouco prático", afirma um amigo.
As críticas, contudo, não incomodam Meirelles. Ele gosta
de ser um homem mais preocupado com as idéias do que com
a sua execução. Questionado
sobre os detalhes de um futuro
governo Alckmin, diz: "Os técnicos é que vão dizer, nós somos os gestores da estratégia".
(LEANDRO BEGUOCI e CÁTIA SEABRA)
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