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Minc promete obras e áreas de preservação em ritmo semelhante
Ministro, empossado ontem, afirma que licenças ambientais e unidades de conservação seguirão bolero, "dois pra lá, dois pra cá"
Novo titular da pasta do Meio Ambiente, que vai à Alemanha, quer avançar na idéia do fundo internacional para proteção da Amazônia
MARTA SALOMON
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Empossado ontem no cargo
de ministro do Meio Ambiente,
Carlos Minc (PT-RJ), 56, afirmou que licenças ambientais e
unidades de conservação na
Amazônia deverão ter ritmo semelhante, "dois pra lá, dois pra
cá", como nos boleros.
Foi a primeira indicação de
que pretende liberar obras no
mesmo compasso em que cobrará a criação de unidades de
conservação na Amazônia.
"Tive longas conversas com a
ministra Dilma Rousseff [Casa
Civil], nos entendemos muito
bem, e a nossa música é dois pra
lá, dois pra cá. Duas licenças,
dois parques ambientais", afirmou Minc na primeira entrevista após a posse, no Planalto.
"O desenvolvimento vai andar e a preservação, também."
A demora na concessão de licenças é uma das principais
queixas dos críticos, dentro e
fora do governo, da gestão da
ex-ministra Marina Silva, apesar das cerca de 300 licenças liberadas em média pelo Ibama
(Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) desde 2003.
A queda na criação de unidades de conservação no segundo
mandato do presidente Lula foi
um dos sinais apontados por
Marina das resistências crescentes à defesa da floresta. Nove novas áreas de conservação
apresentadas pelo Ministério
do Meio Ambiente à Casa Civil
foram engavetadas. A mais importante é a proposta de reserva extrativista do Xingu.
Das principais obras do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento), o próximo empreendimento que terá licença
analisada é a usina nuclear de
Angra 3. A obra foi paralisada
em 1986 e depende de autorização do Ibama para ser retomada, a um custo estimado em
R$ 7,3 bilhões. Segundo a Folha apurou, a licença dependia
da solução de problema com índios de Angra dos Reis (RJ).
Após ser indicado para o cargo, Minc chegou a defender
mudança nas regras de licenciamento, mas recuou. "Não serei o carimbador maluco. Podemos dar licenças mais ágeis e
com mais rigor", disse, em referência à música "Carimbador
Maluco", de Raul Seixas.
Minc viaja amanhã para
Bonn, na Alemanha, para representar o Brasil na conferência mundial sobre diversidade
biológica. Ontem, afirmou que
pretende avançar na proposta
de criar um fundo internacional para preservar a Amazônia.
"Vamos trazer recursos para
manter a floresta em pé."
Ele disse que um decreto de
Lula vai regulamentar a criação
do fundo em junho. "Só da Noruega, vamos ganhar US$ 100
milhões para preservar [a Amazônia]."Segundo Minc, trata-se
de um fundo privado, com dinheiro nacional e internacional, a ser gerido pelo BNDES.
Um conselho, formado por
representantes do governo federal, dos Estados e da sociedade civil, é que irá definir onde
os recursos do fundo serão investidos, sempre em ações de
preservação da Amazônia. A
idéia é captar cerca de US$ 1 bilhão no primeiro ano. As doações serão voluntárias.
Os dados do monitoramento
do desmatamento da Amazônia em tempo real referentes a
abril deverão ser divulgados até
o fim da semana pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais), mas não indicará
nenhum "estouro" no ritmo de
devastação, segundo Gilberto
Câmara, diretor do instituto.
Minc defendeu os dados, sob
ataque do governador Blairo
Maggi (MT) e do agronegócio:
"Acho muito estranho algumas
pessoas que aplaudem o Inpe
quando alguns resultados
acontecem e, quando os resultados são diferentes, resolvem
que o Inpe não é qualificado".
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