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Caso Roriz é grave, diz corregedor do Senado
Para Tuma, diálogo em que senador do PMDB negocia partilha de dinheiro pode implicar processo por quebra do decoro
Roriz, não localizado, havia dito em nota que o grampo com ex-presidente do BRB trata de uma "negociação normal", sem verba pública
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), afirmou
ontem que as denúncias contra
o senador Joaquim Roriz
(PMDB-DF) são graves e, em
tese, configuram quebra do decoro parlamentar, o que implicaria a abertura de um processo
que pode culminar na cassação.
Tuma requisitou ontem cópia da documentação policial
que envolve o nome de Roriz,
além de acesso às gravações telefônicas nas quais ele aparece
negociando partilha de dinheiro de origem ignorada com o
ex-presidente do BRB (Banco
de Brasília) Tarcísio Franklin
de Moura -suspeito de ter desviado R$ 50 milhões do banco.
Além disso, o corregedor disse que teria encontro com os
delegados responsáveis pelas
investigações e que pretende
tomar depoimento de Moura
assim que abrir a sindicância. O
ex-presidente do BRB foi preso
na Operação Aquarela da Polícia Civil do Distrito Federal.
"Em tese, já há indícios de
quebra do decoro e, portanto, é
caso de processo no Conselho
de Ética", disse Tuma. "O diálogo [entre Roriz e Moura] é muito importante e muito claro,
poucas dúvidas ficam (...) É grave. Tem quebra do decoro se for
comprovado." E completou:
"Se for verdade, é uma loucura,
uma falta de escrúpulos total".
O caso também é analisado
pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de
Souza, a quem cabe decidir se
requisita ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de
inquérito contra Roriz.
Tuma disse ainda que espera
resposta mais contundente de
Roriz às denúncias e que ele
forneça espontaneamente documentos. Segundo o corregedor, nota divulgada no início da
semana pelo peemedebista é
insuficiente para resolver o caso. "A nota não tem base para
inocentá-lo", afirmou Tuma.
A nota foi a única manifestação de defesa desde o estouro
do caso. No texto, ele recriminou a divulgação dos diálogos.
"São tentativas criminosas de
confundir uma negociação normal, sem recursos públicos, entre pessoas físicas e jurídicas
privadas", disse Roriz.
Nas conversas captadas com
autorização judicial, Roriz e
Moura acertam levar dinheiro
ao escritório do empresário
Constantino de Oliveira, conhecido como Nenê, presidente do Conselho de Administração da Gol. Nesse dia, houve um
saque de R$ 2,23 milhões numa
agência do BRB em nome de
Constantino. O cheque foi emitido pela Agrícola Xingu.
Segundo Tuma, um dos indícios de ilegalidade na transação
é o fato de o Coaf (Conselho de
Controle de Atividades Financeiras), ligado ao Ministério da
Fazenda, só ter sido notificado
da ordem bancária seis dias depois que ela foi efetuada.
Hoje, a direção do PSOL deve
entrar com uma representação
no Conselho de Ética. É o conselho que investiga suspeitas da
quebra do decoro. Paralelamente, o partido promoverá
um ato "Fora, Renan", na frente do Congresso.
A reportagem tentou falar
com Roriz por meio de sua assessoria sobre as afirmações do
senador Romeu Tuma, mas não
conseguiu contato nem com a
assessoria de Joaquim Roriz.
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