São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2007

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Caso Roriz é grave, diz corregedor do Senado

Para Tuma, diálogo em que senador do PMDB negocia partilha de dinheiro pode implicar processo por quebra do decoro

Roriz, não localizado, havia dito em nota que o grampo com ex-presidente do BRB trata de uma "negociação normal", sem verba pública

SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), afirmou ontem que as denúncias contra o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) são graves e, em tese, configuram quebra do decoro parlamentar, o que implicaria a abertura de um processo que pode culminar na cassação.
Tuma requisitou ontem cópia da documentação policial que envolve o nome de Roriz, além de acesso às gravações telefônicas nas quais ele aparece negociando partilha de dinheiro de origem ignorada com o ex-presidente do BRB (Banco de Brasília) Tarcísio Franklin de Moura -suspeito de ter desviado R$ 50 milhões do banco.
Além disso, o corregedor disse que teria encontro com os delegados responsáveis pelas investigações e que pretende tomar depoimento de Moura assim que abrir a sindicância. O ex-presidente do BRB foi preso na Operação Aquarela da Polícia Civil do Distrito Federal.
"Em tese, já há indícios de quebra do decoro e, portanto, é caso de processo no Conselho de Ética", disse Tuma. "O diálogo [entre Roriz e Moura] é muito importante e muito claro, poucas dúvidas ficam (...) É grave. Tem quebra do decoro se for comprovado." E completou: "Se for verdade, é uma loucura, uma falta de escrúpulos total".
O caso também é analisado pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, a quem cabe decidir se requisita ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de inquérito contra Roriz.
Tuma disse ainda que espera resposta mais contundente de Roriz às denúncias e que ele forneça espontaneamente documentos. Segundo o corregedor, nota divulgada no início da semana pelo peemedebista é insuficiente para resolver o caso. "A nota não tem base para inocentá-lo", afirmou Tuma.
A nota foi a única manifestação de defesa desde o estouro do caso. No texto, ele recriminou a divulgação dos diálogos. "São tentativas criminosas de confundir uma negociação normal, sem recursos públicos, entre pessoas físicas e jurídicas privadas", disse Roriz.
Nas conversas captadas com autorização judicial, Roriz e Moura acertam levar dinheiro ao escritório do empresário Constantino de Oliveira, conhecido como Nenê, presidente do Conselho de Administração da Gol. Nesse dia, houve um saque de R$ 2,23 milhões numa agência do BRB em nome de Constantino. O cheque foi emitido pela Agrícola Xingu.
Segundo Tuma, um dos indícios de ilegalidade na transação é o fato de o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), ligado ao Ministério da Fazenda, só ter sido notificado da ordem bancária seis dias depois que ela foi efetuada.
Hoje, a direção do PSOL deve entrar com uma representação no Conselho de Ética. É o conselho que investiga suspeitas da quebra do decoro. Paralelamente, o partido promoverá um ato "Fora, Renan", na frente do Congresso.
A reportagem tentou falar com Roriz por meio de sua assessoria sobre as afirmações do senador Romeu Tuma, mas não conseguiu contato nem com a assessoria de Joaquim Roriz.


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