São Paulo, domingo, 28 de junho de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Me dê motivo

Elemento vital para a sobrevivência de José Sarney na presidência do Senado, o DEM preparou um discurso que, a depender das circunstâncias, pode justificar tanto a permanência quanto o desembarque da canoa do peemedebista. Alegam os "demos" que a questão central é esclarecer a atuação de José Adriano Sarney na operação do crédito consignado.
"Não temos compromisso inarredável", afirma José Agripino, líder da bancada e responsável pela costura que levou a sigla a apoiar a eleição de Sarney em fevereiro. "Ele tem de provar que o caso do neto é diferente do caso do Zoghbi", diz, referindo-se ao diretor de Recursos Humanos que se encrencou especificamente devido a irregularidades no crédito consignado.

Veja bem. O discurso de Sarney e aliados para diferenciar José Adriano de Zoghbi consiste em repetir que o primeiro tem "carreira sólida na área", atua com o "lastro de uma grande instituição" e "nunca usou laranjas".

Gentileza. Sarney nomeou por meio de ato secreto, em março de 2007, Emico Uyeda para o Conselho Editorial do Senado. É a mulher do ministro Massami Uyeda, do STJ, e consta até hoje do rol de funcionários comissionados.

Transparência? Uma das primeiras providências de Dóris Marize Peixoto como diretora de Recursos Humanos foi baixar resolução segundo a qual os funcionários da divisão estão proibidos de dar entrevistas. Foi um servidor do RH, Franklin Paes Landim, que confirmou a existência de ordens para manter atos secretos.

Fila indiana. Um curioso fez a conta: se o presidente do Senado dedicar dez minutos a cada um dos 96 assessores disponíveis em seus dois gabinetes, gastará 16 horas por dia em "despachos internos".

Esses meninos. Sexta, no Fórum de Software Livre, Lula disse que "netos sabem mais que os avós hoje em dia". Ele se referia a informática, mas houve na plateia quem se lembrasse de Sarney.

Mão única. Ao menos numa primeira fase, o Blog do Planalto não será aberto a comentários de internautas.

A mil. Auxiliares próximos têm notado sinais de cansaço em Lula. Creditam isso à agenda de viagens do presidente, mais carregada que de costume, e a tarefas que ele assumiu durante o tratamento de Dilma Rousseff.

Herança. A preocupação do PSDB e do DEM com o crescimento de Dilma (PT) nas pesquisas é maior do que sugerem as declarações públicas de seus líderes. A oposição dá como certo que Heloisa Helena (PSOL), hoje presente nas cédulas de todos os institutos, não será candidata à Presidência, e sim ao Senado. E que uma parcela expressiva de sua intenção de voto migrará para a ministra da Casa Civil.

Linha direta. Marcos Valério não depende mais de conhecidos petistas para enviar recados ao Planalto. Rodolfo Gropen, advogado do operador do mensalão e atualmente consultor do Ipea, tem trânsito não apenas na Secretaria de Assuntos Estratégicos, à qual o instituto está subordinado, mas também em gabinetes centrais do governo.

Matando.... Além da greve, um barraco animal agita a USP. Após desentendimento com Mayana Zatz, pró-reitora de pesquisa, a professora Maria Angélica Miglino resolveu suspender o acesso da geneticista aos cães da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia utilizados em pesquisas com células-tronco.

...cachorro a grito. O conflito entre Zatz e Miglino já envolveu correntes e cadeados para trancar os animais -e, no ato seguinte, alicate para soltá-los. A reitora Suely Vilela foi chamada a arbitrar a questão. Zatz teria adotado a linha "ou ela, ou eu".

Tiroteio

"Enquanto o Congresso discute as regras eleitorais, Lula atropela todo mundo e faz campanha escancarada com mais de um ano de antecedência." De JOSÉ ANÍBAL, líder do PSDB na Câmara, sobre entrevista na qual o presidente disse que sua candidata, Dilma Rousseff, deve ter um grande leque de alianças para "ganhar bem e governar bem".

Contraponto

Toma que o banqueiro é teu

As senadoras Lúcia Vânia (PSDB-GO) e Ideli Salvatti (PT-SC) conversavam na quarta-feira sobre a possível candidatura do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, a algum cargo majoritário em 2010.
-Acho que ele está perdendo o timing- disse a tucana.
-Não me fale uma coisa dessas!- replicou a petista, aflita diante do risco de Meirelles permanecer onde está.
-Não seja ingrata! Ele ajudou o governo demais!- ponderou Lúcia Vânia, amiga do presidente do BC.
-Ajudou demais, atrapalhou demais... Está na hora de devolvê-lo para Goiás. Pronto, já tem até o slogan da campanha- encerrou Ideli, rindo junto com a colega.


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