São Paulo, domingo, 28 de junho de 2009

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Filiados do PT doam apenas 2,15% das receitas do partido

Tesoureiro petista afirma que a sofisticação das campanhas reforça dependência do empresariado

DA REPORTAGEM LOCAL

Presente nos discursos políticos, o militante tem modesta participação na receita dos partidos. Dos R$ 93 milhões captados pelo Diretório Nacional do PT em 2008, apenas R$ 2 milhões (2,15%) são produto da contribuição dos filiados.
Em compensação, R$ 60,3 milhões (64%) saíram dos cofres das empresas.
Em 2008, filiados do PT paulista colaboraram com R$ 658 mil no caixa do diretório estadual do partido -meros 2,28% da receita total.
O tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, afirma que a sofisticação das campanhas alimentou a dependência ao empresariado.
"A contribuição do militante é importante, mas não cobre as despesas do partido", justificou Ferreira, prevendo uma campanha cara em 2010.
Ferreira admite que parcela do PT chegou a defender a opção "pelo esforço militante", "mas vigorou a tendência de profissionalização das campanhas eleitorais".
"O PT cresceu, é uma instituição. Em razão disso, há maior exigência da qualificação da mensagem eleitoral", disse.
Contraída em 2004 -um ano antes da explosão do escândalo do mensalão-, a dívida do PT (de R$ 40 milhões no ano passado) também pesa para a busca ao empresariado.
Além disso, frisa, a resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibindo a doação de ocupantes de cargos comissionados abortou, segundo Ferreira, a captação de R$ 210 mil mensais a partir de 2007.
O partido pediu que a resolução fosse reconsiderada.
Defensor do financiamento público de campanha, Ferreira diz que é preciso desmistificar a ideia de que os empresários doam para se esconder. Segundo Ferreira, eles fogem do assédio dos candidatos.
O peso do empresariado na receita ainda é alvo de discórdia dentro do PT. Mesmo lembrando que os outros partidos não têm a tradição petista de "fundo militante", o secretário de Relações Internacionais, Valter Pomar (Articulação de Esquerda), admite: "É evidente que um partido de trabalhadores não pode viver de contribuições empresariais. No médio prazo, isto altera o caráter de classe do partido".
A contribuição dos militantes nunca atingiu cifras significativas no partido. Em 2002, ano da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, era de 1,9% da arrecadação do PT. A partir de 2003, com a acomodação dos petistas na máquina administrativa, a participação dos filiados esboçou crescimento, chegando a 8,67% da arrecadação (R$ 35,6 milhões) em 2005.
Em 2006 -ano da reeleição de Lula-, a participação do filiado representou apenas 3,71% de uma receita que, turbinada por expressiva contribuição de pessoas jurídicas, chegou a R$ 77 milhões. Desabou em 2008.


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