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Filiados do PT doam apenas 2,15% das receitas do partido
Tesoureiro petista afirma que a sofisticação das campanhas reforça dependência do empresariado
DA REPORTAGEM LOCAL
Presente nos discursos políticos, o militante tem modesta
participação na receita dos partidos. Dos R$ 93 milhões captados pelo Diretório Nacional do
PT em 2008, apenas R$ 2 milhões (2,15%) são produto da
contribuição dos filiados.
Em compensação, R$ 60,3
milhões (64%) saíram dos cofres das empresas.
Em 2008, filiados do PT paulista colaboraram com R$ 658
mil no caixa do diretório estadual do partido -meros 2,28%
da receita total.
O tesoureiro do PT, Paulo
Ferreira, afirma que a sofisticação das campanhas alimentou a
dependência ao empresariado.
"A contribuição do militante
é importante, mas não cobre as
despesas do partido", justificou
Ferreira, prevendo uma campanha cara em 2010.
Ferreira admite que parcela
do PT chegou a defender a opção "pelo esforço militante",
"mas vigorou a tendência de
profissionalização das campanhas eleitorais".
"O PT cresceu, é uma instituição. Em razão disso, há
maior exigência da qualificação
da mensagem eleitoral", disse.
Contraída em 2004 -um ano
antes da explosão do escândalo
do mensalão-, a dívida do PT
(de R$ 40 milhões no ano passado) também pesa para a busca ao empresariado.
Além disso, frisa, a resolução
do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) proibindo a doação de
ocupantes de cargos comissionados abortou, segundo Ferreira, a captação de R$ 210 mil
mensais a partir de 2007.
O partido pediu que a resolução fosse reconsiderada.
Defensor do financiamento
público de campanha, Ferreira
diz que é preciso desmistificar a
ideia de que os empresários
doam para se esconder. Segundo Ferreira, eles fogem do assédio dos candidatos.
O peso do empresariado na
receita ainda é alvo de discórdia
dentro do PT. Mesmo lembrando que os outros partidos não
têm a tradição petista de "fundo militante", o secretário de
Relações Internacionais, Valter
Pomar (Articulação de Esquerda), admite: "É evidente que
um partido de trabalhadores
não pode viver de contribuições empresariais. No médio
prazo, isto altera o caráter de
classe do partido".
A contribuição dos militantes nunca atingiu cifras significativas no partido. Em 2002,
ano da eleição do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, era de
1,9% da arrecadação do PT. A
partir de 2003, com a acomodação dos petistas na máquina administrativa, a participação dos
filiados esboçou crescimento,
chegando a 8,67% da arrecadação (R$ 35,6 milhões) em 2005.
Em 2006 -ano da reeleição
de Lula-, a participação do filiado representou apenas 3,71%
de uma receita que, turbinada
por expressiva contribuição de
pessoas jurídicas, chegou a R$
77 milhões. Desabou em 2008.
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