São Paulo, domingo, 28 de junho de 2009

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Quase metade do Senado defende Sarney no cargo

Ao menos um quarto quer que ele se licencie, entre os ouvidos em enquete da Folha

Onze senadores não se manifestaram, entre os 69 ouvidos; PSOL estuda pedir um processo por quebra do decoro no Conselho de Ética

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pelo menos um quarto dos senadores defende a licença do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), segundo enquete realizada pela Folha. Ele conta com o apoio de ao menos 36 senadores para continuar no cargo.
A reportagem ouviu 69 dos 80 colegas de Sarney (86%) ontem e anteontem. Questionados se o presidente da Casa deveria permanecer, pedir licença ou renunciar ao cargo, 22 avaliam que ele deveria se licenciar até que todas as denúncias contra ele sejam esclarecidas, o que representa 27% do universo possível (32% do total de ouvidos).
Onze não quiseram se manifestar, e 11 não foram ouvidos. Nenhum senador defendeu a renúncia de Sarney.
A pressão aumentou na semana passada, quando foram revelados novos casos de parentes e aliados atuando direta ou indiretamente no Senado. O PSOL estuda entrar com um pedido de processo por quebra do decoro no Conselho de Ética. A possibilidade de cassação é remota, já que precisa passar no conselho e no plenário.
É do PT o maior número de senadores que defendem o afastamento temporário. Dos 11 ouvidos na enquete, 6 são pela licença. Na semana passada, Sarney afirmou que estava sendo perseguido por apoiar o governo do presidente Lula, do PT.
No partido, Serys Slhessarenko (MT) integra a ala que acha que Sarney deve ficar no cargo. Tião Viana (AC), Paulo Paim (RS) e Eduardo Suplicy (SP) estão entre os que defendem o afastamento. O líder petista, Aloizio Mercadante (SP), prefere não se manifestar.
É no seu próprio PMDB que Sarney tem mais apoio, embora não seja unânime: 14 senadores dizem que ele tem de ficar no cargo, e só três optam pela licença.
No PSDB e no DEM, três senadores de cada partido defendem a licença. Neste último Sarney tem seu maior desafio. Seu aliado desde a eleição para o cargo, em fevereiro, o DEM passou a discutir publicamente sua saída. O partido reunirá a bancada na terça para tomar uma decisão. "A gente anda pelo interior do Estado e sente que o desgaste do Senado é uma coisa terrível", diz Raimundo Colombo (DEM-SC).
No PSDB, o líder do partido, Arthur Virgílio, afirmou que Sarney tem de se licenciar. "É minha opinião pessoal, mas, como líder, tenho de ouvir a minha bancada." Já Álvaro Dias (PR) defende a licença, mas duvida dela. "Não creio que ele vá para o sacrifício pessoal em nome da preservação da instituição", disse.
Renan Calheiros (PMDB-AL) e Gim Argello (PTB-DF) estão por trás das estratégias para blindar Sarney. "O presidente vai ficar. Ele tomou as medidas corretas até agora", afirmou Argello.
A crise no Senado teve início em março, com a demissão do então diretor-geral, Agaciel Maia, após a Folha ter revelado que ele escondeu da Justiça uma mansão avaliada em R$ 5 milhões. No início deste mês, a crise se aprofundou, com a revelação de que o Senado usou 663 atos secretos, muitos dos quais para nomear e exonerar parentes e aliados de Sarney.


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