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Quase metade do Senado defende Sarney no cargo
Ao menos um quarto quer que ele se licencie, entre os ouvidos em enquete da Folha
Onze senadores não se manifestaram, entre os 69 ouvidos; PSOL estuda pedir um processo por quebra do decoro no Conselho de Ética
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pelo menos um quarto dos
senadores defende a licença do
presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), segundo
enquete realizada pela Folha.
Ele conta com o apoio de ao
menos 36 senadores para continuar no cargo.
A reportagem ouviu 69 dos
80 colegas de Sarney (86%) ontem e anteontem. Questionados se o presidente da Casa deveria permanecer, pedir licença ou renunciar ao cargo, 22
avaliam que ele deveria se licenciar até que todas as denúncias contra ele sejam esclarecidas, o que representa 27% do
universo possível (32% do total
de ouvidos).
Onze não quiseram se manifestar, e 11 não foram ouvidos.
Nenhum senador defendeu a
renúncia de Sarney.
A pressão aumentou na semana passada, quando foram
revelados novos casos de parentes e aliados atuando direta
ou indiretamente no Senado. O
PSOL estuda entrar com um
pedido de processo por quebra
do decoro no Conselho de Ética. A possibilidade de cassação
é remota, já que precisa passar
no conselho e no plenário.
É do PT o maior número de
senadores que defendem o
afastamento temporário. Dos
11 ouvidos na enquete, 6 são
pela licença. Na semana passada, Sarney afirmou que estava
sendo perseguido por apoiar o
governo do presidente Lula, do
PT.
No partido, Serys Slhessarenko (MT) integra a ala que
acha que Sarney deve ficar no
cargo. Tião Viana (AC), Paulo
Paim (RS) e Eduardo Suplicy
(SP) estão entre os que defendem o afastamento. O líder petista, Aloizio Mercadante (SP),
prefere não se manifestar.
É no seu próprio PMDB que
Sarney tem mais apoio, embora não seja unânime: 14 senadores dizem que ele tem de ficar no cargo, e só três optam
pela licença.
No PSDB e no DEM, três senadores de cada partido defendem a licença. Neste último
Sarney tem seu maior desafio.
Seu aliado desde a eleição para
o cargo, em fevereiro, o DEM
passou a discutir publicamente
sua saída. O partido reunirá a
bancada na terça para tomar
uma decisão. "A gente anda pelo interior do Estado e sente
que o desgaste do Senado é
uma coisa terrível", diz Raimundo Colombo (DEM-SC).
No PSDB, o líder do partido,
Arthur Virgílio, afirmou que
Sarney tem de se licenciar. "É
minha opinião pessoal, mas,
como líder, tenho de ouvir a
minha bancada." Já Álvaro
Dias (PR) defende a licença,
mas duvida dela. "Não creio
que ele vá para o sacrifício pessoal em nome da preservação
da instituição", disse.
Renan Calheiros (PMDB-AL) e Gim Argello (PTB-DF)
estão por trás das estratégias
para blindar Sarney. "O presidente vai ficar. Ele tomou as
medidas corretas até agora",
afirmou Argello.
A crise no Senado teve início
em março, com a demissão do
então diretor-geral, Agaciel
Maia, após a Folha ter revelado
que ele escondeu da Justiça
uma mansão avaliada em R$ 5
milhões. No início deste mês, a
crise se aprofundou, com a revelação de que o Senado usou
663 atos secretos, muitos dos
quais para nomear e exonerar
parentes e aliados de Sarney.
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