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Meirelles diz que candidatura depende da evolução da crise
Presidente do BC negou que já tenha tomado a decisão de concorrer ao governo de Goiás
Meirelles conta que só pensa em sair do BC quando estiver seguro da consolidação
da incipiente recuperação
da economia brasileira
Sérgio Lima - 16.abr.09/Folha Imagem
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O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em Brasília |
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A BASILEIA
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, negou
ontem que já tenha tomado a
decisão de candidatar-se ao governo de Goiás, ao contrário do
noticiado pelo jornal "Valor
Econômico", mas deixou aberta a possibilidade na dependência da evolução da crise global e
sua repercussão no Brasil.
A frase de Meirelles para explicar porque seu desejo, no
momento, é ficar no BC serve
também de avaliação da gravidade da crise, apesar do ressurgimento de um relativo otimismo em alguns círculos empresariais e de mercado:
"A crise é grave, séria e exige
atenção integral 24 horas por
dia", disse o presidente do BC,
que participa em Basileia de
reuniões no âmbito do BIS (sigla para Banco de Compensações Internacionais, o banco
central dos bancos centrais).
Meirelles lembrou que já foi
publicamente liberado pelo
presidente Lula, que disse, em
abril, que gostaria de contar
com ele até o fim do governo
mas que não poderia proibi-lo
de candidatar-se. Nesse caso, a
desincompatibilização teria
que ser até março de 2010.
Quando, então, a crise deixaria de exigir "atenção integral"
e, por extensão, permitiria pensar na candidatura?
Meirelles não crava um momento exato, mas dá a entender que seria por volta de setembro, a partir do seguinte
teorema: 1) Ele só pensaria em
deixar o BC quando estivesse
seguro da consolidação da incipiente recuperação da economia brasileira; 2) A consolidação só estará demonstrada (ou
não) nas estatísticas com o resultado do segundo trimestre.
Embora esse período já esteja
praticamente terminado, o
presidente do BC não se arrisca
a antecipar qual foi a recuperação da economia, na comparação com o primeiro trimestre.
Menos ainda se se trata de um
resultado sustentável; 3) Recuperação e sustentabilidade dela, nos seus cálculos, aparecerão lá por setembro.
A cautela que Meirelles exibe, na sua análise sobre a economia, bastante maior do que a
do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, se apoia mais na situação
global do que propriamente do
andamento da crise no Brasil.
Nas conversas que manteve
com os outros banqueiros centrais na Basileia, o cenário que
surgiu é mais de perguntas do
que de respostas. É claro que há
alguns indicadores ou de que o
ritmo de queda da economia se
desacelerou (caso dos EUA) ou
de que há uma recuperação (caso do Brasil). "Mas não há segurança sobre a sustentabilidade
desses indicadores", ressalva.
Encaixa em seguida as perguntas ainda sem resposta:
"Quanto dos indicadores positivos é resultado dos pacotes de
estímulos fiscais?". "Quanto
tempo será possível continuar
com tais pacotes e o que acontecerá quando eles começaram
a ser revertidos?"
Quanto ao Brasil, Meirelles
rechaça a tese do descasamento
com a economia do mundo rico, teoria que emerge e submerge periodicamente. A fase
atual é de emersão, mas Meirelles não a compra: "O que começa a ficar mais claro é que a
recuperação da economia brasileira tem um grau de sustentabilidade maior do que em outras regiões". Mas, acrescenta,
"uma reversão do quadro voltaria a afetar o país obviamente".
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