São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS PROVAS

Telefônicas que têm o Opportunity como acionista dizem que depósitos na conta de empresa de Marcos Valério são por serviços de publicidade

Grupo de Dantas deposita R$ 127 mi na DNA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

Já é de cerca de R$ 127 milhões a soma dos depósitos das empresas de telefonia das quais é sócio o Grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, nas contas da DNA Propaganda. A Telemig Celular, a Amazônia Celular e a Brasil Telecom respondem, juntas, pelo maior volume de depósitos na agência de Marcos Valério de Souza, segundo análise parcial das informações da quebra do sigilo bancário do publicitário.
As empresas controladas por Daniel Dantas são ou foram clientes da DNA. Ainda assim, o volume de gastos com publicidade (R$ 126,8 milhões) chamou a atenção da CPI dos Correios e inspirou um pedido de convocação do banqueiro, ainda não aprovado pelo plenário da comissão.
Em segundo lugar na lista dos grandes depositantes nas contas da DNA no Banco do Brasil aparece, com R$ 44 milhões, a Companhia Brasileira de Meios de Pagamento, cuja marca registrada é a Visanet, empresa de cartão de crédito criada a partir da associação entre o Banco do Brasil, o Bradesco e o Banco Rural.
A CPI encontrou valores altos e próximos de depósitos da Fiat Automóveis e do Banco Santander. Até ontem, os créditos da montadora e do banco nas contas da DNA Propaganda somavam R$ 8,7 milhões e R$ 8,9 milhões, respectivamente.
Os depósitos em valores elevados pela Telemig Celular e pela Fiat já haviam sido objeto de comunicação do Banco do Brasil ao Coaf ( Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Outro lado
A Fiat Automóveis, a Visanet, a Telemig Celular e a Amazônia Celular atribuíram os depósitos na conta da DNA Propaganda a pagamentos de serviços de publicidade e marketing.
Por meio de sua assessoria, a Brasil Telecom informou que pagou a DNA por serviço de divulgação de utilidade pública em julho de 2003. A companhia divulgou ainda ter rompido neste mês contrato assinado em abril com a agência de Marcos Valério, devido às acusações contra ele.
A Telemig e Amazônia Celular disseram, em nota, que notícias da imprensa têm citado de "forma equivocada" a relação comercial com a DNA trazendo "prejuízos à imagem das operadas".
Os contratos com a DNA, ainda em vigor, foram assinados em 1998 (pela Telemig) e em 2001 (Amazônia). Nesse último ano, houve a contratação de outra empresa da qual Marcos Valério é sócio, a SMPB. As operadoras de telefonia pagam em percentuais de comissão 7,5% às empresas de Valério pelas campanhas de publicidade e 10% para veiculação.
Anteontem, a CPI dos Correios revelou a primeira lista de empresas depositantes na conta da empresa de Valério, investigado por operar caixa dois do PT a pedido do ex-tesoureiro Delúbio Soares.
A Visanet informou que a quantia paga à DNA refere-se a "ações de marketing para lançamento de novos produtos, incentivando a emissão de cartões de crédito e débito do Banco do Brasil". A DNA possui um contrato de publicidade com o BB.
A assessoria da Fiat Automóveis informou que teve contrato com a empresa de Marcos Valério de agosto de 2000 a abril de 2005 para "prestação de serviços de publicidade de varejo da montadora em Minas Gerais".
Também citada pela CPI, como depositante de R$ 401 mil, a Construtora Norberto Odebrecht disse que pagou à DNA pela divulgação de empreendimentos imobiliários em Minas Gerais. A assessoria do Santander também não foi localizada ontem à noite, quando a informação do depósito foi divulgada pelos membros da CPI.


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