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SMPB recebeu R$ 54 mi em 98, indicam papéis
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Documentos em poder da CPI
dos Correios indicam que pelas
contas da SMPB Comunicação e
DNA Propaganda podem ter passado, durante a campanha eleitoral de 1998, R$ 53,8 milhões. Essa
suspeita está baseada em dois documentos assinados pelo contador Marco Aurélio Prata, endereçados a Marcos Valério Fernandes de Souza, datados de 27 de outubro de 1998, quando se encerravam as eleições.
Neles, o contador, que também
está sob investigação da Polícia
Federal, informa a Valério que,
sobre a receita da SMPB, de R$
35,2 milhões, e sobre a da DNA,
de R$ 18,6 milhões, devem ser calculado os impostos, que somariam 38,65%. Os dois documentos foram escritos em papel timbrado da Prata e Castro Auditores
e Consultores Associados.
Na semana passada, quando
ocorreu a quebra do sigilo das
contas das agências em que Valério é sócio, veio à tona um saque
no Banco Rural de R$ 102.812,76,
feito por um assessor do deputado federal Roberto Brant (PFL),
candidato a prefeito de Belo Horizonte em 2004. O pefelista disse
que esse valor se referia a uma
doação de campanha da siderúrgica Usiminas, feita por meio da
conta da SMPB no Banco Rural.
Brant disse que o valor original
da doação teria sido de R$ 150 mil,
mas que o valor sacado foi de R$
102 mil porque a agência descontou impostos que teria de pagar.
Uma das hipóteses é que, para
cada contribuição feita por caixa
dois, a agência emita uma nota
como se tivesse prestado serviço
para o doador da campanha eleitoral de um político. No caso de
Brant, o desconto feito pela agência foi de 31,45%.
Pelos documentos enviados pelo contador a Valério, não é possível saber qual a origem do dinheiro. Apenas alguns depósitos para
a SMPB estão identificados. A
construtora Queiroz Galvão, por
exemplo, aparece com dois depósitos (R$ 700 mil e R$ 360 mil),
mas a empresa justificou afirmando ter contratado serviços da
SMPB. O mesmo informou o Idaq
(Instituto de Desenvolvimento,
Assistência Técnica e Qualidade
em Transporte), vinculado à Confederação Nacional dos Transportes.
A SMPB admitiu que fez doações de campanha em 1998, mas
nega que tenha recebido recursos
de empresas para repassar a políticos.
Aécio
O governo de Minas Gerais
anunciou ontem que pediu esclarecimentos aos quatro integrantes do Executivo estadual que
aparecem como beneficiários de
recursos da conta da SMPB.
Documentos mostram repasses, feitos em 28 de outubro de
1998, a quatro pessoas que hoje
integram o governo Aécio Neves
(PSDB): o presidente da Fundação João Pinheiro, Amílcar Martins (PSDB), o secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior,
Bilac Pinto (PFL), a secretária extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do norte de Minas,
Elbe Brandão (PSDB), e o subsecretário de Direitos Humanos,
João Batista de Oliveira (PDT).
Todos se elegeram deputados estaduais em 1998.
Os depósitos feitos pela SMPB
somam R$ 48 mil -R$ 6.000 para
Martins, R$ 20 mil para Bilac Pinto, R$ 15 mil para Brandão e R$
7.000 para Oliveira. No caso de
Brandão, o depósito foi feito na
conta de seu assessor Maurício
Antônio Figueiredo.
Ao jornal "O Globo", que divulgou as informações sobre os depósitos ontem, a secretária Elbe
Brandão disse que o dinheiro foi
repassado pelo comitê da campanha à reeleição do então governador Eduardo Azeredo (PSDB),
hoje senador.
Batista também disse a "O Globo" que o dinheiro foi usado para
custear gastos da campanha de
Azeredo, da qual ele era um dos
coordenadores. Bilac Pinto e
Martins não foram localizados
ontem.
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