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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS PROVAS
Quantia foi sacada entre janeiro e maio de 2004, no Banco Rural de Brasília, pelo Idaq, ligado à CNT, entidade presidida por Clésio Andrade
Órgão ligado a vice de Aécio recebe R$ 7,9 mi
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre janeiro e maio de 2004, a
agência do Banco Rural em Brasília fez pagamentos em espécie no
total de R$ 7,9 milhões ao Idaq
(Instituto de Desenvolvimento,
Assistência Técnica e Qualidade
em Transporte). O Idaq é vinculado à CNT (Confederação Nacional dos Transportes), presidida
por Clésio Andrade (PL), vice-governador de Minas Gerais.
Essas operações estão sendo investigadas pela Justiça Federal,
por suspeita de lavagem de dinheiro, uma espécie de "mini-mensalão" para sustentar campanhas de prefeitos e vereadores.
Como os saques fugiam ao padrão, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras)
informou as transações ao Ministério Público Federal.
O processo tramita no Tribunal
Regional Federal da 1ª Região, em
Brasília. No último dia 7, o desembargador-relator, Cândido
Ribeiro, determinou à Polícia Federal a instauração de inquérito.
O processo envolve ainda o Instituto J. Andrade, instituição de
ensino superior de Juatuba (MG),
cujo diretor, Ronaldo Antônio
Costa, segundo o Coaf, é representante do PTB no município.
Ao depor à Polícia Federal no
último dia 6, o ex-tesoureiro da
agência do Banco Rural em Brasília José Francisco de Almeida Rego citou a CNT e o Idaq como as
empresas que mais sacavam da
agência, depois da SMPB Comunicação, da qual Marcos Valério
Fernandes de Souza é um dos sócios. Rego não vinculou as retiradas do Idaq/CNT com as transações de Valério no banco.
Clésio Andrade foi sócio de Valério na SMPB e na DNA. No último dia 22, o vice-governador enviou ao senador Delcídio Amaral,
presidente da CPI, relatório e documentos para comprovar que
encerrou a sociedade com Valério
em 28 de julho de 1998, quando
transferiu suas quotas - antes
dos fatos que estão sendo investigados pela comissão de inquérito.
Em seu depoimento à PF, o ex-tesoureiro do Banco Rural disse
que os saques do Idaq não eram
feitos por Andrade, mas por uma
diretora financeira da entidade.
Rego disse que as retiradas
eram feitas "normalmente, mediante a apresentação de cheques", "em valores não superiores
a R$ 100 mil". A entidade é cliente
do banco e os saques não se comparavam ao retirado pela SMPB.
Citando publicação da OAB-MG, o Coaf menciona "operações
não usuais" entre a SMPB, Clésio
Andrade e o ex-governador
Eduardo Azeredo (PSDB).
Trata-se da ação em que Andrade, Azeredo, o atual subsecretário
de Comunicações de MG, Eduardo Pereira Guedes Neto, e outros
são acusados de improbidade administrativa por promoverem,
em 1998, a transferência de R$ 3
milhões da Comig (Companhia
Mineradora de MG) e da Copasa
(Companhia de Saneamento de
MG) para a SMPB, a fim de patrocinar um evento sem licitação.
Sob a alegação de "incrementar
o turismo", Guedes enviou ofício
à Comig, no dia em que a empresa
realizava assembléia, propondo o
patrocínio de R$ 1,5 milhão para o
Enduro da Independência. Naquele mesmo dia, a SMPB recebeu R$ 1,5 milhão da Copasa.
A SMPB participava da campanha eleitoral de Azeredo e de Andrade, candidatos a governador e
vice. Até 20 dias antes dessa operação, Andrade controlava a Holding Brasil S/A, que detinha a
maior parte do capital da SMPB.
O MPF suspeita que tenha havido
simulação na transferência das
cotas da holding, que teve quebrados os sigilos fiscal e bancário pela
Justiça Federal neste mês. O MPF
pede o rastreamento do dinheiro
transferido e o bloqueio cautelar
de bens, em até R$ 12 milhões.
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