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Suspeito admite utilização de carro do esquema sanguessuga para test-drive
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de negar qualquer
participação na máfia dos sanguessugas, o deputado Ricarte
Freitas (PTB-MT) admitiu ontem ter usado um Fiat Ducato
cedido pelo empresário Darci
Vedoin -dono da Planam- durante a campanha de 2002. O
deputado alega ter utilizado o
carro no máximo por dois meses, numa espécie de test-drive
para uma eventual compra.
Segundo o deputado, depois
de devolvido e convertido em
ambulância, o veículo foi vendido pela Planam à Prefeitura
de Santa Rita do Trivelato
(MT). A secretaria de Administração da prefeitura confirma a
compra de um Fiat Ducato em
março de 2004.
Ricarte afirma que, somente
depois de devolver o carro, soube que Vedoin tinha transferido para seu nome. "Ele documentou o carro em meu nome,
à minha revelia, não sei se para
se livrar de responsabilidade civil. Não fiquei dois meses com
esse carro. Não me interessou,
e devolvi", justificou Ricarte,
segundo o qual Vedoin tinha
preparado o carro para outro
"determinado deputado para a
campanha em 2002".
No documento, a empresa
doadora foi a Santa Maria, também de Vedoin. "Ele fez da Santa Maria para mim. Fiz de volta.
Depois, ele vendeu para outro
município na forma de ambulância: Santa Rita do Trivelato."
Secretário de Administração
de Santa Rita do Trivelato,
Marcos Tavernelli conta que
um Fiat Ducato foi comprado
por R$ 79.800 -apenas R$ 100
mais barato do que o preço oferecido pela segunda concorrente, a Unisal- em 2004. Lembrando que a prefeitura exibiu
a ambulância num desfile, ele
confirma que o carro teve que
passar por uma adaptação.
Ainda segundo o secretário, o
Tribunal de Contas chegou a
questionar o fato de o modelo
do carro ser mais antigo do que
os do ano da venda. "O carro ficou no pátio. Estava cheirando
a novo", disse Tavernelli, acrescentando que, pelo que lembra,
a quilometragem no momento
da compra era a da distância de
Cuiabá à cidade: 360 quilômetros. Tavernelli não soube precisar qual é o ano do carro.
Em seu depoimento, Luiz
Antônio Vedoin -filho de Darci- afirmou que Ricarte trocara o Ducato por um Hillux
SW4. Ricarte nega: "Não tem
Hillux no meu nome", disse ele,
negando que tenha recebido
passagens para Nova York.
Ricarte admite que Vedoin
freqüentava seu gabinete. Mas
nega qualquer "relação comprometedora". Segundo o deputado, Vedoin era um empresário de seu Estado, Mato Grosso, que se especializou na elaboração de projetos para prefeituras. "Os municípios pediam projetos e ele procurava
os gabinetes. Ele convivia com
todo mundo. Era um cara que
vivia em Brasília, na Câmara, tinha acesso a "n" deputados".
Além disso, Ricarte se lembra
de ter ido ao aniversário do empresário em 2002. "Uma festa
que foi Cuiabá inteira".
Para justificar a aproximação, Ricarte afirma que Vedoin
distribuía folders em que o
atual ministro da Ciência e
Tecnologia visitava um de seus
ônibus, além de ter participado
de cerimônias de entrega de
ambulâncias no Estado com a
presença do ex-ministro José
Serra. Ricarte diz que duvida do
envolvimento de qualquer ex-ministro em esquemas.
"Ele não inovou nada aqui
[em Brasília]. Só que não tinha
estrela na testa e ninguém poderia imaginar que estava num
esquema desses."
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