São Paulo, sexta-feira, 28 de julho de 2006

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá @ - nelsondesa@folhasp.com.br

Sem futuro


Na capa, o comércio encalha

"Com o Oriente Médio em chamas, os preços recordes do petróleo, a economia americana esfriando e o clima esquentando, é difícil se excitar com encalhe nas conversas comerciais." É o início do editorial de capa da "Economist" (acima), semelhante ao do "New York Times".
Duas das mais importantes publicações do mundo, elas partem daí para afirmar que "este desastre nascido de complacência e negligência" precisa da atenção, sim. Na revista, anuncia-se para logo logo o apocalipse mundial, ou melhor, "a debacle constitui a maior ameaça até o momento ao sistema comercial pós-guerra" etc. O jornal vai além:
- O dano aos países mais pobres do mundo será enorme. Assim como será (e deve ser mesmo) enorme o ressentimento contra os países mais ricos. Muito da culpa deve ser direcionada à Europa e aos EUA, que outra vez decidiram que a influência política de seus lobbies de fazendeiros pesa mais do que as promessas de fazer mais para acabar com a pobreza global.

GUERRA COMERCIAL 1
No "Wall Street Journal", "o colapso das negociações comerciais pode fomentar um frenesi de batalhas legais". No texto, "o Panamá lançou uma disputa com a Colômbia e o Brasil estuda sanções contra os Estados Unidos".
O Brasil argumenta que não agia antes pela expectativa de acordo global, "mas o quadro mudou radicalmente". Entre outros, China e até Europa podem entrar nas "lutas".

GUERRA COMERCIAL 2
O blog do "WSJ" deu que a enviada comercial dos EUA chegaria na madrugada ao Brasil, ontem, para discutir com Celso Amorim o retorno das conversas globais.
Antes, segundo a Reuters, declarou que os EUA podem até "excluir alguns países" do sistema de preferências. Ela ecoava assim uma ameaça do presidente da Comissão de Finanças do Senado dos EUA, "um republicano de Iowa", de excluir Índia e Brasil, por não abrirem seus mercados.

SÉRIO E RIDÍCULO
Uma longa reportagem do argentino "La Nación" deu o "debate" entre especialistas em América Latina sediados em Washington após a cúpula do Mercosul ampliado.
O "falcão" Otto Reich, um ex-subsecretário de Estado, apontou "ausência de frutos" no encontro, ironizou Néstor Kirchner e sugeriu que devia "se associar menos à esquerda ridícula de Hugo Chávez e mais com a esquerda séria" -suposta menção a Lula e à chilena Michelle Bachelet.

MERCOSUL DO B
Mas a atenção se volta para o peruano Alan Garcia, que vai tomar posse hoje, sem Kirchner. Muito elogiado no "Financial Times" ao pôr um ortodoxo na Fazenda, falou ao "Le Monde", sob o título "Sou da linha de Lula e Bachelet".
Mais ou menos. Dividindo a América Latina em duas -uma no Atlântico, outra no Pacífico-, ele quer convencer o Chile a compor um mercado que avance até o México.

"EU PROMETO"
O blog de Fernando Rodrigues, no UOL, destacou do anúncio da TV Globo, ontem na imprensa, a introdução "EU PROMETO. Isenção, transparência e compromisso com a verdade" etc. Em primeira pessoa, como nas juras de posse nos EUA.
Registre-se que a rede anuncia um debate presidencial para setembro, "no horário nobre". Aquele mesmo debate que a mesma rede não fez, na única campanha anterior de reeleição no Brasil, oito anos atrás.

SOB VARA 1
O site Carta Maior deu que "PSDB e PFL pedem e TSE censura "Revista do Brasil'", por fazer suposta campanha contra Geraldo Alckmin. O conteúdo era reproduzido no site e também saiu do ar.

SOB VARA 2
De outra parte, o blogueiro Ricardo Noblat deu inusitado direito de resposta, de uma senadora do PT. Até onde se sabe, é inédito na blogosfera. E veio, afirma o blog, sem a notificação para defesa.

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@ - Nelson de Sá


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