São Paulo, Quarta-feira, 28 de Julho de 1999
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PAINEL

Um sabota o outro

FHC vai jogar para engavetar a proposta ACM de combate à pobreza. Discorda do projeto e teme que a iniciativa domine a pauta do 2º semestre no Congresso, inviabilizando medidas que quer aprovar para fechar o ajuste fiscal prometido ao FMI.

Confusão na área

O fundo de ACM para combater a pobreza é um tiro na comissão da reforma tributária na Câmara. Além de criar comissão especial do Senado para tratar de assunto correlato, dividindo o esforço do Congresso, o projeto do baiano vai na contramão de tudo o que está sendo discutido pelos deputados.

Linhas paralelas

O objetivo da reforma em discussão na Câmara é simplificar a estrutura tributária e adequar a legislação à dos parceiros comerciais do país. O fundo de ACM não só complica como também aumenta a cumulatividade de impostos que os deputados pretendem acabar.


Mestre da ilusão

De Emerson Kapaz (PSDB), julgando ""tecnicamente inconsistente" a proposta de ACM de criar fundo de combate à pobreza: ""Ao querer resolver um problema sério num passe de mágica, ACM se transformou no Mister M da política".

Proposta descuidada

ACM comprou uma briga com os governadores. A proposta do baiano de combate à pobreza pressupõe a prorrogação por dez anos do FEF (Fundo de Estabilização Fiscal), que deveria acabar no fim do ano, segundo promessa arrancada de FHC a duras penas pelos dirigentes dos Estados.

Passo atrás

Além do FEF, governadores e prefeitos têm outro motivo para bombardear o imposto de combate à pobreza: o fundo ficaria com 10% da arrecadação do Imposto de Renda, o que significaria uma redução igual nos fundos de participação dos Estados e dos municípios.

Dormiu no ponto

Covas, que hoje classifica a ida da Ford para a Bahia de ""fim da picada", perdeu em sua própria bancada. Na votação da MP dos incentivos fiscais, a maioria dos votos do PSDB ajudou a derrubar destaque da oposição contra os benefícios à montadora.

Na onda

Não foi só o PSDB que ajudou a derrubar destaque contra benefícios à Ford. Correligionário de ACM, Luiz Antonio de Medeiros (PFL), que tenta aparecer como defensor dos empregos em SP, também colaborou.

Te cuida, Covas

A guerra das cervejas deve atingir a economia paulista nos termos do imbróglio Ford. Fábricas em SP, sem incentivos fiscais, podem ter a capacidade de produção reduzida em proveito das que gozam de benefícios em outros Estados.

Ateu supersticioso

FHC mudou a arrumação do gabinete pela 3ª vez no ano. A mesa de reuniões foi para perto da janela. O escritório ficou igual a projeto feito por especialista em feng shui, crença oriental na influência da disposição dos móveis sobre as pessoas.

Tarefa paulista

Covas convidou Mendonção para cuidar de projetos de comemoração dos 500 anos do descobrimento do Brasil.

Politicamente correto

O projeto de combate à corrupção eleitoral, de iniciativa popular, deverá ser entregue a Temer (Câmara) no dia 10, às 15h. A proposta pode ser endossada na página da Internet www.cbjp.org.br até sábado.

Puro gogó

As câmaras setoriais do Planalto que Pedro Parente está extinguindo foram idealizadas por Clóvis Carvalho, que ocupava a Casa Civil e hoje está na pasta do Desenvolvimento. Elas foram vendidas no discurso da 2ª posse de FHC como exemplo de administração moderna.

TIROTEIO

Do senador tucano Paulo Hartung (ES), sobre o desentendimento entre FHC, ACM e Covas em relação ao projeto de fábrica da Ford na BA:
- A montadora foi mais esperta do que muitos que se dizem PhD em política. Explorou a vaidade de lideranças ao limite e arrancou benefícios e isenções que não conseguiria em nenhum lugar do planeta.

CONTRAPONTO

Ficha corrida
O presidente Fernando Henrique Cardoso abriu as portas do Alvorada, anteontem, para um jantar em homenagem ao presidente do BID, Enrique Iglesias.
Foram convidados o vice-presidente, Marco Maciel, e os ministros Pedro Parente (Casa Civil), Martus Tavares (Orçamento e Gestão), Rafael Greca (Esporte e Turismo), Paulo Renato (Educação) e José Serra (Saúde).
Por volta da meia-noite, FHC foi chamado ao telefone. E demorou a voltar, atiçando a curiosidade de todos.
Cerca de 30 minutos depois, como o presidente ainda não havia voltado, Paulo Renato perguntou:
- Cadê o Serra?
Era uma brincadeira. Serra, que costuma incomodar seus colegas de governo telefonando de madrugada, estava bem na frente de Paulo Renato, que arrematou:
- Perdemos nosso principal suspeito!
Foram todos embora sem saber quem estava com o presidente ao telefone.


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