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Mulher de desaparecido diz que a apelação do governo é "deplorável"
DA REPORTAGEM LOCAL
A ex-militante do PC do B Criméia Alice Schmidt Almeida, 57,
diz que é "deplorável" a apelação
parcial da Advocacia Geral da
União sobre o caso Araguaia.
"Eu ainda estou sob o impacto
da decepção", disse. "Choca-me
ver o governo se desdobrar em
elogios às Forças Armadas, sem
lembrar os abusos que elas cometeram e que procuram encobrir
ainda hoje."
Na apelação, o advogado-geral
da União, Álvaro Augusto Ribeiro
Costa, cita o "papel integrador"
das Forças Armadas: "Já não se
põem em oposição Forças Armadas e poder civil".
Criméia Almeida viveu no Araguaia de janeiro de 1969 a agosto
de 1972, quando foi presa pelo
Exército. Seu marido, André Grabois, e o sogro, Maurício Grabois,
estão entre os desaparecidos.
"Esclarecer as circunstâncias
das mortes faz parte das convenções internacionais que o país assinou. O Brasil é um dos signatários de convenções que obrigam o
esclarecimento em relação ao desaparecimento de pessoas", disse.
Ela afirma ficou chocada com o
ponto central da apelação, em que
a AGU alega que a decisão da juíza federal Solange Salgado "extrapolou o que foi pedido".
"O que me chocou na apelação
foi o governo ter dito que esclarecer as circunstâncias da morte é
mais do que o que foi pedido, esquecendo que nós fizemos o pedido em 1982", disse.
"Acho deplorável a atitude do
governo, de sonegar informações
e atribuir isso ao tempo passado."
Ela diz que também choca ver a
apelação citar dificuldades das
buscas da comissão especial e das
caravanas de familiares aos locais,
realizadas em 2001. "A grande dificuldade na região são as operações para sonegar as informações.
Há uma atuação do Exército até
hoje, detectada pelos procuradores."
(FREDERICO VASCONCELOS)
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