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Mauro Paulino
Já ganhou?
QUINTA-FEIRA , Clóvis Rossi iniciou
sua coluna dizendo
que "salvo o imponderável, Lula já está reeleito",
refletindo o sentimento
predominante de que a
eleição está decidida e,
provavelmente, terminará
no primeiro turno. Por sua
vez, Alckmin assegura que
vai para o segundo turno e
que, então, a correlação de
forças será outra.
O último
Datafolha mostrou que as
chances de a primeira hipótese estar correta foram
ampliadas. Desde a volta
das eleições diretas, em
momento algum um presidente havia atingido
maioria absoluta de aprovação popular. As taxas de
rejeição aos candidatos
nunca estiveram tão próximas, o que reduz as
chances de mudança.
Dos eleitores de Lula,
80% se dizem totalmente
decididos contra 67% entre os de Alckmin. São informações contundentes
a reforçar o favoritismo de
Lula. A pesquisa mostrou
ainda que Lula chega a
37% das menções espontâneas, reveladoras de um
possível piso de votos mais
seguros. Em 1998, FHC,
vitorioso na disputa pela
reeleição, só chegou a esse
patamar às vésperas da
votação, no dia 2 de outubro, quando atingiu 38%
das citações espontâneas.
Em momento semelhante ao da atual campanha, FHC era citado espontaneamente por 24%
dos eleitores, taxa 13 pontos inferior à que Lula obtém agora.
Por fim, um último dado
fortalece os argumentos
dos que apostam no desfecho rápido da eleição: entre os 49% que apontam
Lula após serem apresentados à lista de candidatos,
73% já haviam dito, espontaneamente, que querem votar no petista, taxa
20 pontos maior que entre
os eleitores de Alckmin
(53%). Esses números retratam a dimensão do desafio imposto à campanha
do PSDB nesse momento.
Porém, apesar desse
abismo, uma recuperação
de Alckmin não chega a
ser improvável. Um exemplo de reação se deu na
eleição passada, quando
José Serra partiu 14 pontos atrás de Ciro Gomes e,
na TV e no rádio, ao explorar uma falha do adversário em que, durante uma
entrevista, chamou um
ouvinte de "burro", o ultrapassou rapidamente.
Serra foi para o segundo
turno.
Em maio de 1998,
Lula reverteu uma desvantagem de 17 pontos
após os eleitores serem informados que FHC chamara os aposentados com
menos de 50 anos de "vagabundos". Mais tarde, o
presidente recuperou-se e
venceu.
Mesmo na atual disputa
Alckmin já esteve empatado com Lula em simulação
de segundo turno. Foi em
dezembro de 2005, quando a lembrança das acusações de corrupção no governo ainda eram fortes.
Portanto, se Alckmin imprimir um tom de crítica à
campanha, se Lula escorregar em alguma declaração pública, se peessedebistas bem avaliados se
engajarem na campanha,
se imagens do mensalão
voltarem à tona, o quadro
pode mudar.
Resta saber se essas possibilidades são prováveis
ou "imponderáveis".
MAURO PAULINO é diretor-geral do
Instituto Datafolha
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