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Vítima de câncer, d. Luciano morre em São Paulo aos 75
Arcebispo de Mariana estava internado no Hospital das Clínicas desde 17 de julho
Religioso teve forte atuação na defesa dos direitos humanos e de reformas sociais na ditadura como representante da CNBB
Beto Novaes - 14.abr.2006/'Estado de Minas'
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D. Luciano na igreja de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto |
DA REPORTAGEM LOCAL
O arcebispo de Mariana
(MG), d. Luciano Mendes de
Almeida, 75, morreu ontem às
18h15 na UTI do Instituto Central do Hospital das Clínicas de
São Paulo. Ele estava internado
desde 17 de julho para tratamento de um câncer de fígado.
D. Luciano foi bispo auxiliar
em São Paulo, secretário-geral
da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) de
1979 a 1987 e presidente da entidade de 1987 a 1995. Assinava
uma coluna na página A2 da
Folha aos sábados desde 14 de
abril de 1984. Sua última coluna, publicada anteontem, chamava-se "Partilha e perdão".
Defensor de reformas sociais, o religioso não havia
abandonado, nos últimos anos,
a prática de dormir pouco para
dar atenção aos pobres e de não
ter horário para se alimentar, o
que não contribuía para a sua
saúde. Em razão de sua idade, d.
Luciano não pôde passar por
transplante. "Estou nas mãos
de Deus. Deus nos criou por
amor e Ele sabe o que é melhor
para nós. Coloco minha vida
nas suas mãos. Estou sendo
muito bem tratado", escreveu
no último dia 5 na Folha.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota de pesar: "Foi com grande tristeza
que recebi, neste domingo, a
notícia da morte de d. Luciano
Mendes de Almeida. O arcebispo de Mariana (MG), que presidiu por duas vezes a CNBB, desempenhou papel relevante na
luta pela redemocratização e
dedicou toda a sua vida à população carente do Brasil. Deu ao
país uma contribuição inestimável com seu exemplo de renúncia pessoal e dedicação aos
pobres na Pastoral do Menor.
Quero, neste momento de dor,
manifestar minha solidariedade à família, à Igreja Católica e
aos amigos de dom Luciano e
prestar a mais sincera homenagem a este homem de obra e
coração extraordinários".
Doença
Segundo a equipe médica, a
quimioterapia provocou complicações renais. A causa da
morte foi a falência hepática e
renal. Seus dois irmãos, Cândido Mendes e Luiz Fernando, o
acompanhavam. O corpo seria
embalsamado e levado à Catedral da Sé, em São Paulo. Hoje
ele será conduzido de avião a
Belo Horizonte e de lá irá para
Mariana, onde será sepultado.
Ele era arcebispo da cidade
desde 1988, quando foi nomeado pelo papa João Paulo 2º.
O tumor que d. Luciano tratava era uma recidiva de um
câncer que desenvolveu há dois
anos, retirado por uma cirurgia.
Logo depois ele descobriu ser
portador do vírus da hepatite C.
Ele curou-se da doença após
tratamento com remédios. Nos
últimos meses, porém, abalado
com a morte da irmã, Elisa Maria, ficou bastante deprimido, o
que pode ter facilitado o aparecimento do novo tumor.
(FABIANE LEITE E LILIAN CHRISTOFOLETTI)
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