São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 2006

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Vítima de câncer, d. Luciano morre em São Paulo aos 75

Arcebispo de Mariana estava internado no Hospital das Clínicas desde 17 de julho

Religioso teve forte atuação na defesa dos direitos humanos e de reformas sociais na ditadura como representante da CNBB

Beto Novaes - 14.abr.2006/'Estado de Minas'
D. Luciano na igreja de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto


DA REPORTAGEM LOCAL

O arcebispo de Mariana (MG), d. Luciano Mendes de Almeida, 75, morreu ontem às 18h15 na UTI do Instituto Central do Hospital das Clínicas de São Paulo. Ele estava internado desde 17 de julho para tratamento de um câncer de fígado.
D. Luciano foi bispo auxiliar em São Paulo, secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) de 1979 a 1987 e presidente da entidade de 1987 a 1995. Assinava uma coluna na página A2 da Folha aos sábados desde 14 de abril de 1984. Sua última coluna, publicada anteontem, chamava-se "Partilha e perdão".
Defensor de reformas sociais, o religioso não havia abandonado, nos últimos anos, a prática de dormir pouco para dar atenção aos pobres e de não ter horário para se alimentar, o que não contribuía para a sua saúde. Em razão de sua idade, d. Luciano não pôde passar por transplante. "Estou nas mãos de Deus. Deus nos criou por amor e Ele sabe o que é melhor para nós. Coloco minha vida nas suas mãos. Estou sendo muito bem tratado", escreveu no último dia 5 na Folha.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota de pesar: "Foi com grande tristeza que recebi, neste domingo, a notícia da morte de d. Luciano Mendes de Almeida. O arcebispo de Mariana (MG), que presidiu por duas vezes a CNBB, desempenhou papel relevante na luta pela redemocratização e dedicou toda a sua vida à população carente do Brasil. Deu ao país uma contribuição inestimável com seu exemplo de renúncia pessoal e dedicação aos pobres na Pastoral do Menor. Quero, neste momento de dor, manifestar minha solidariedade à família, à Igreja Católica e aos amigos de dom Luciano e prestar a mais sincera homenagem a este homem de obra e coração extraordinários".

Doença
Segundo a equipe médica, a quimioterapia provocou complicações renais. A causa da morte foi a falência hepática e renal. Seus dois irmãos, Cândido Mendes e Luiz Fernando, o acompanhavam. O corpo seria embalsamado e levado à Catedral da Sé, em São Paulo. Hoje ele será conduzido de avião a Belo Horizonte e de lá irá para Mariana, onde será sepultado. Ele era arcebispo da cidade desde 1988, quando foi nomeado pelo papa João Paulo 2º.
O tumor que d. Luciano tratava era uma recidiva de um câncer que desenvolveu há dois anos, retirado por uma cirurgia. Logo depois ele descobriu ser portador do vírus da hepatite C. Ele curou-se da doença após tratamento com remédios. Nos últimos meses, porém, abalado com a morte da irmã, Elisa Maria, ficou bastante deprimido, o que pode ter facilitado o aparecimento do novo tumor. (FABIANE LEITE E LILIAN CHRISTOFOLETTI)


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