São Paulo, quinta-feira, 28 de agosto de 2008

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Unifesp escolhe reitor que ficará no cargo por 60 dias

Cúpula da universidade renunciou em reunião do conselho; crise começou em abril, após descoberta de gastos irregulares do reitor

LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL

O Conselho Universitário da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) escolheu ontem o reitor pro tempore da instituição. Trata-se do psiquiatra Marcos Pacheco de Toledo Ferraz, professor titular e um dos mais antigos docentes em atividade na Unifesp. Caberá a ele dirigir a universidade por até 60 dias, período em que deve ser escolhido o novo reitor.
Como a Folha antecipou, toda a cúpula renunciou na reunião. Deixaram os postos o vice-reitor, Sergio Tufik, os pró-reitores Luiz Eugênio Mello (graduação), Helena Nader (pesquisa e pós), Walter Albertoni (extensão universitária) e Sergio Draibe (administração), além do chefe-de-gabinete, Reinaldo Salomão. Com isso, cai toda a linha sucessória do reitor Ulysses Fagundes Neto, também demissionário.
A crise, tida por vários docentes como a mais grave nos 75 anos da instituição, começou em abril, quando se descobriram gastos irregulares feitos por Fagundes Neto com cartão corporativo. A renúncia do reitor aconteceu após a publicação, na edição de segunda-feira da Folha, de relatório do TCU.
Segundo o TCU, em 13 viagens internacionais de 2006 a 2007, Fagundes Neto fez uso irregular de R$ 229.550 do erário público para pagamento de itens de luxo, cometeu desvio de finalidade, burla ao regime de dedicação exclusiva, fez viagens não-autorizadas ou com prazo superior ao necessário.
Marcos Ferraz ingressou como estudante em 1963 na instituição que agora dirigirá. "Ele sabe lidar com questões complexas e atua com grande transparência", disse o também titular Rubens Belfort.
Do lado de fora da reunião, 70 estudantes barrados por 40 seguranças exigiam que o nome do novo pró-reitor fosse submetido a referendo universitário. "Não é possível que este colegiado, que não soube coibir irregularidades cometidas pelo reitor, agora se ache com autoridade e moral para decidir tudo sozinho", disse Tiago Cherbo, da diretoria do DCE.
Ferraz deve ser aceito pelo ministro Fernando Haddad (Educação). "A melhor maneira de solução desse tipo de conflito é respeitar prerrogativas de autonomia da instituição."


Colaborou a Sucursal de Brasília


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