São Paulo, sexta-feira, 28 de agosto de 2009

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Planalto se contradiz e agora relata quatro visitas de Lina

Então secretária da Receita teria ido à sede do Executivo no dia 9 de outubro

Numa tentativa de blindar o general Jorge Felix, Jucá diz que gravações do sistema de monitoramento só ficam disponíveis por 30 dias


ANDREZA MATAIS
SIMONE IGLESIAS

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Aumentou o número de inconsistências na versão do Planalto sobre seu circuito interno de segurança e dados sobre os visitantes que entram e saem do edifício. Ontem, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), foi ao plenário da Casa para relatar quantas vezes a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira esteve na sede do Poder Executivo.
Logo no início do embate entre Lina e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a Folha enviou um requerimento pedindo dados sobre os visitantes ao Planalto. O Gabinete de Segurança Institucional se negou a fornecer, alegando "que a divulgação solicitada esbarra na necessidade de ser preservado o direito de privacidade".
No último dia 21, o GSI informou por meio de nota oficial que só mantinha as imagens gravadas das pessoas que circulavam no Planalto por cerca de 30 dias. Acrescentou que não eram anotados os nomes de autoridades de alto escalão.
No início desta semana surgiu outra contradição. A Folha requereu do GSI a checagem de uma passagem de Lina pelo Planalto em outubro do ano passado. Em teoria, por ser uma autoridade de alto escalão, Lina não teria seu nome anotado nas planilhas de entrada do edifício, mas o GSI enviou ao jornal uma confirmação de que a então secretária do fisco esteve no Planalto em 9 de outubro com "destino à Casa Civil".
Ontem, a data foi confirmada por Jucá, que relatou quatro passagens de Lina no Planalto: 9 de outubro, 22 de janeiro, 16 de fevereiro e 6 de maio.
Jucá se reuniu ontem pela manhã com o general Jorge Felix, do GSI. À tarde discursou dando a data em que Lina foi ao Planalto em outubro e o horário em que esteve lá, das 10h13 às 11h29. Declarou não haver informação sobre o órgão em que ela foi -embora o GSI tenha informado, por escrito.
A ex-secretária diz que se reuniu com Dilma no final de 2008 a pedido da ministra quando ela teria pedido para que Lina "agilizasse" um processo de fiscalização em empresas da família de José Sarney (PMDB-AP).
Em entrevista à Folha e em depoimento à Comissão de Constituição e Justiça, Lina confirmou o encontro, mas disse não se lembrar da data -afirmou apenas que foi no final de 2008. A ministra nega o encontro. A mesma data informada por Jucá já foi citada pelo líder do PT, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), no dia em que Lina esteve na CCJ.
Segundo a agenda oficial de Dilma, no dia 9 de outubro pela manhã ela esteve com o presidente Lula. A assessoria da Casa Civil informou que nessa data ela não se reuniu com Lina.
Para blindar Felix e evitar que ele seja convocado a depor no Congresso, Jucá detalhou o contrato com a empresa responsável pelo sistema de vigilância. Ele disse que as gravações do sistema de câmeras ficam disponíveis por apenas 30 dias e que não há backup. Essa retaguarda só é acionada em caso de ocorrência de panes.


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