São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2004

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JUDICIÁRIO

Irritados com advogados, funcionalismo diz que "reagirá no balcão"

Greve pára, mas servidores vão fazer "operação padrão"

DA REDAÇÃO

Após votarem pela suspensão da greve, os servidores do Judiciário paulista realizaram uma outra votação. Por unanimidade, a assembléia estadual decidiu que os funcionários realizarão uma "operação padrão" nos fóruns de todo o Estado.
"Fomos achincalhados pelos advogados hoje de manhã [no ato da OAB]. Vamos dar a resposta no balcão", bradou um servidor após a votação da assembléia. Os presentes repetiram em coro as palavras de ordem: "Ão, ão, ão, resposta no balcão".
A assembléia votou a realização de uma operação padrão a partir de hoje. Os servidores disseram que vão retirar dos cartórios tudo o que for deles, como cadeiras, mesas e computadores. Também afirmaram que vão dificultar ao máximo a vida dos advogados.

Sem ajuda
"Isso significa que não faremos mais sentenças para os juízes, que não ajudaremos os advogados com nossos códigos, que só daremos as informações obrigatórias", disse José Gozze, presidente da Assetj (Associação dos Servidores do Tribunal de Justiça de São Paulo).
Os servidores afirmaram que deixarão de ajudar os advogados "quando eles precisarem que uma certidão seja emitida com mais velocidade do que o normal ou qualquer outra ajuda".
Também afirmaram que, a partir de hoje, "sem procuração e sem guias devidamente assinadas e pagas, eles [advogados] não poderão mexer nos processos".
Embora a maioria das atitudes da "Operação Padrão" seja apenas o exato cumprimento da práxis forense, na prática ela vai representar uma dificuldade extra para os advogados -sobretudo para os que tem estagiários sem carteira da OAB.
"A direção do TJ não tem sensibilidade suficiente para saber o que acontece no Poder Judiciário. Criou-se um fosso entre os servidores, os juízes e a direção do tribunal", disse Gozze.

Punições
O presidente do TJ, Luiz Elias Tâmbara, disse que, se os servidores atuarem para dificultar a vida dos advogados, cada juiz-corregedor poderá abrir processos administrativos contra eles. "Eles são funcionários públicos e precisam cumprir sua função", disse. "Eles deveriam tratar os jurisdiconados com cordialidade."
Tâmbara afirmou que, desde a última gestão, "já estava proibida a entrada nos cartórios de qualquer patrimônio que não seja do tribunal".
(UIRÁ MACHADO)


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