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ELEIÇÕES 2006 /CRISE DO DOSSIÊ
Ex-assessor de Mercadante entregou dinheiro, diz PF
Polícia conclui que Hamilton Lacerda levou mala para pagar por dossiê
Gedimar Pereira Passos e Valdebran Padilha da Silva foram presos com
R$ 1,168 mi e US$ 248,8 mil
no dia 14, em São Paulo
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
FÁBIO VICTOR
LEONARDO SOUZA
ENVIADOS ESPECIAIS A CUIABÁ
Hamilton Lacerda, então
coordenador da campanha de
Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo, foi quem
entregou a mala com dinheiro
ao advogado Gedimar Pereira
Passos e ao empresário Valdebran Padilha da Silva, no hotel
Ibis em São Paulo, no dia 14, segundo informação da PF.
Gedimar e Valdebran foram
presos pela PF com R$ 1,168
milhão e US$ 248,8 mil. O dinheiro, cuja origem a PF ainda
investiga, seria usado para
comprar um dossiê contra tucanos montado pelo empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe
da máfia dos sanguessugas.
Após analisar os CDs com a
gravação de imagens que registram movimento de pessoas no
hotel, a PF concluiu que Lacerda foi quem entregou o dinheiro a Gedimar e Valdebran. Contudo a PF informou que a confirmação oficial, necessária para conclusão do inquérito, será
feita por meio de perícia.
Desde o início da semana, a
PF fazia a análise das imagens e
ontem concluiu que Lacerda
aparece na gravação entregando o dinheiro. Foram estudados vários CDs gravados no hotel no dia 14.
Nesse dia, por telefone, Valdebran negociava com Vedoin,
que estava em Cuiabá, a venda
do dossiê contra os tucanos José Serra, adversário de Mercadante nas eleições em São Paulo, e Geraldo Alckmin, candidato a presidente. O material era
composto por fotos, CD e fita
de vídeo mostrando Serra e
Alckmin em eventos de entrega
de ambulâncias da máfia dos
sanguessugas.
O delegado Diógenes Curado
Filho, que preside as investigações, deve ouvir Lacerda ainda
hoje em São Paulo, segundo
apurou a reportagem. O procurador da República em Cuiabá
Mário Lúcio Avelar deve acompanhar o depoimento.
Lacerda deixou a campanha
de Mercadante após o caso.
Na sexta-feira passada, em
depoimento à PF em Brasília,
Jorge Lorenzetti, ex-assessor
da campanha e amigo do presidente Lula, disse que o dossiê
seria entregue a Lacerda.
Cinco dias após as prisões de
Gedimar e Valdebran, Lacerda
deixou o cargo, pois foi citado
pela revista "IstoÉ" como intermediador da entrevista em
que os Vedoin acusam José
Serra de envolvimento na máfia dos sanguessugas.
Conforme Gedimar em seu
primeiro depoimento à Polícia
Federal, o dinheiro seria usado
para pagar o dossiê e uma entrevista à imprensa.
Até ontem, o procurador
Avelar focava a investigação em
outros quatro petistas, deixando de lado Lacerda.
Além de pedir novamente a
prisão de Gedimar e Valdebran,
Avelar queria que fossem presos Expedito Veloso, ex-diretor
do Banco do Brasil, Oswaldo
Bargas, que trabalhava na campanha de Lula, Lorenzetti e
Freud Godoy, assessor da Presidência da República até o início do escândalo.
A Justiça decretou a prisão,
mas, devido à legislação eleitoral, que proíbe prisões cinco
dias antes das eleições, a PF só
poderá efetuá-las a partir da
próxima quarta-feira.
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