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Promotoria aponta desvio de R$ 2,7 mi em gestão Azeredo
Ex-governador do PSDB diz desconhecer ação apresentada pelo Ministério Público
Senador tucano teria se beneficiado de verbas para financiar sua campanha à reeleição ao governo de Minas Gerais, em 1998
BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O senador e ex-governador
de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB), foi acusado pelo
Ministério Público de Minas
Gerais de ter se beneficiado,
durante a gestão dele (1995-98), de um esquema de fraudes
em licitação que teria abastecido o chamado valerioduto tucano e causado prejuízo de R$ 2,7
milhões aos cofres do Estado.
Tido como o embrião do
mensalão do PT, o valerioduto
tucano, segundo a Polícia Federal, foi um esquema operado
pelo publicitário Marcos Valério para ocultar a origem e o
destino de R$ 28,5 milhões em
recursos públicos desviados e
verbas privadas não declaradas,
que financiaram a campanha
derrotada de Azeredo em 1998.
Em 2005, após a revelação do
esquema petista, o valerioduto
tucano foi investigado pela PF e
pelo Ministério Público Federal. Gerou uma ação penal no
Supremo Tribunal Federal
contra Azeredo e outra na Justiça Estadual, contra outros 14
réus (leia texto nesta página).
Agora, em ação ajuizada em
agosto, e aceita pela Justiça mineira, a Promotoria diz ter
identificado um novo braço de
financiamento irregular daquela campanha, com "pagamentos irregulares" do governo Azeredo, que resultaram em
"vultuosas contribuições" à
campanha eleitoral. O tucano
afirma desconhecer a ação.
Para o Ministério Público, o
suposto esquema envolveu sete
empresas vencedoras de 25 licitações na gestão Azeredo para fornecimento de terceirizados ao Estado. Era operado por
Cláudio Mourão -secretário
da Administração na gestão
Azeredo e tesoureiro da campanha de 1998- e pelo empresário José Vicente Fonseca.
Perícias contábeis identificaram favorecimento ilegal e superfaturamento em oito contratos da gestão Azeredo, em
benefício de sete empresas de
propriedade de Mourão e Fonseca. Segundo a Promotoria,
eles usaram "laranjas" e "correligionários do PSDB" como representantes nas sociedades.
Mourão, filiado ao PSDB, era
sócio de uma das empresas envolvidas no suposto esquema, a
Attempo. Isso até ser nomeado,
em janeiro de 1995, secretário
da Administração de Azeredo,
onde continuou até assumir a
coordenação financeira da
campanha de 1998.
A campanha de Azeredo, cuja
arrecadação de recursos coube
a Mourão, recebeu R$ 658,2 mil
em doações de empresas envolvidas nas supostas irregularidades e de pessoas físicas que
integravam o quadro societário
das firmas. Desse total, R$ 423
mil vieram da Sertec, uma das
empresas de Fonseca. Foi a segunda maior doação individual.
Nesta ação, o Ministério Público quer que Azeredo, Mourão e Fonseca devolvam, juntos, R$ 2,72 milhões ao Estado.
Para isso, solicitou o bloqueio
dos bens e a quebra do sigilo
bancário dos três.
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