São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

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Em discurso a uma multidão estimada em 50 mil pessoas que o esperava na av. Paulista, Lula disse que continuará sendo a mesma pessoa de sempre e que "o difícil vai começar agora"

Dia de festa

DA REPORTAGEM LOCAL

Quando Luiz Inácio Lula da Silva apareceu num telão instalado na avenida Paulista, às 22h40, para seu primeiro discurso como presidente eleito do Brasil, as cerca de 50 mil pessoas (cálculo da PM) que estavam no local ficaram em silêncio. À 0h30 de hoje, quando ele chegou ao local, foi ovacionado pela multidão.
Quando começou a discursar, logo foi interrompido pela multidão que cantava "Parabéns a Você" para o petista. Num discurso rápido e emocionado, Lula agradeceu a votação e disse "tenham a certeza de que nós continuaremos sendo as mesmas pessoas que nós fomos até agora".
O petista comparou a política ao casamento. "Até agora as coisas foram fáceis. O difícil vai começar agora. Eu sempre comparo a política com o casamento. Quando a gente está apaixonado, quer casar, senta junto com a namorada e fica alimentando os nossos sonhos, discutindo o que vai fazer. E a gente casa e nem sempre consegue fazer tudo com a rapidez que a gente imaginava fazer."
"Segundo Lula, seu governo será a "oportunidade de provar que um torneiro mecânico junto com um empresário vai poder fazer por este país tudo aquilo que a elite brasileira não conseguiu fazer."
No final, o presidente eleito, homenageou o candidato derrotado ao governo paulista, José Genoino. Depois, todos acompanharam a execução do hino nacional.
A comemoração da Copa do Mundo também reuniu 50 mil pessoas na Paulista, segundo avaliação da PM. Para os organizadores da festa, ontem havia 150 mil pessoas no local.
A multidão "avermelhou" a avenida mais famosa da capital a partir das 16h50. O primeiro pronunciamento de Lula foi transmitido ao vivo do Hotel Intercontinental, no centro.
O marqueteiro do PT, Duda Mendonça, circulou no meio da multidão, por volta da 0h de hoje.
Antes mesmo do término da votação em São Paulo (finalizada às 17h15), militantes e simpatizantes do PT já ocupavam a primeira quadra da avenida Paulista.
Às 17h20, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) já havia interditado parcialmente o tráfego da avenida. O grito de guerra das primeiras horas da comemoração foi criado e puxado por Daiane Maria de Lima, 16, moradora de favela em Capão Redondo, zona sul. "Sai, sai da frente que agora Lula é presidente."
A garota chegou à Paulista às 11h, acompanhada de dois irmãos pequenos. Sem dinheiro, pegaram carona em dois ônibus. Até as 17h ainda não haviam comido nada. "Lula é o presidente dos pobres", disse Daiane.
Moradores do Alto de Pinheiros, bairro de classe média alta, Rita e Dirceu Teixeira trouxeram cinco crianças para a Paulista, incluindo a filha Juliana. Em 89, quando o casal comemorou a chegada de Lula ao segundo turno das eleições, Rita estava grávida da menina. "Ela é filha da democracia", disse o pai da menina.
(GABRIELA ATHIAS E FÁBIO VICTOR)


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