São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

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Argentina espera por 1ª visita do eleito

JOÃO SANDRINI
MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES

Para o governo argentino, a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva fortalecerá as relações do Brasil com o vizinho e beneficiará toda a América Latina. O vice-chefe de gabinete de ministros, Eduardo Amadeo, felicitou Lula pela votação que, disse, mostra a esperança da população brasileira no governo petista. No final da noite, o presidente Eduardo Duhalde também enviou uma nota de felicitação ao presidente eleito.
Os argentinos receberam a vitória de Lula com entusiasmo. Avaliam que ele é o mais favorável a uma política externa regional, que aproxime as economias dos países do Mercosul.
A expectativa na Argentina é que o país seja o primeiro destino das viagens internacionais de Lula. Segundo Amadeo, o governo espera que Lula aceite o convite de Duhalde e visite o país em 19 de novembro. "É uma honra e um sinal muito positivo de que haverá um impulso para nossa integração", diz. "Esperamos trabalhar juntos pelo Mercosul, esperamos uma relação excelente."
O chanceler Carlos Ruckauf, que conversou ontem com o secretário de Relações Internacionais do PT, Marco Aurélio Garcia, afirmou que "essas eleições vão permitir à Argentina uma aproximação maior com o Brasil".
Durante a campanha, Lula cometeu um deslize que provocou alguma irritação na Argentina, ao dizer que o "Brasil não era uma republiqueta qualquer, uma Argentina". Duhalde minimizou a declaração afirmando que ela não prejudicava as relações entre "dois povos irmãos".
Os argentinos não deixaram de ser simpáticos ao petista por causa da declaração e pesquisas realizadas na internet mostravam que Lula ganharia no primeiro turno se a votação fosse na Argentina.
Entre empresários, as reações são diferentes. Parte diz acreditar que a política econômica do novo presidente deve beneficiar a Argentina. É o caso do presidente da UIA (União Industrial Argentina), Héctor Massuh, para quem Lula é hoje um político "maduro e pragmático". Ele diz que, se a economia brasileira se recuperar, a Argentina só terá a ganhar.
O presidente da Cera (Câmara dos Exportadores da República Argentina), Enrique Mantilla, é mais cético. Ele diz que o PT sempre defendeu que o Congresso tivesse mais poder sobre as negociações do governo brasileiro para o Mercosul e a Alca, o que reduziria a agilidade do bloco para negociar acordos comerciais. "Há uma inquietude na Argentina porque não sabemos quais políticas serão adotadas pelo PT após passar de oposição a governo."


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