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Argentina espera por 1ª visita do eleito
JOÃO SANDRINI
MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES
Para o governo argentino, a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva
fortalecerá as relações do Brasil
com o vizinho e beneficiará toda a
América Latina. O vice-chefe de
gabinete de ministros, Eduardo
Amadeo, felicitou Lula pela votação que, disse, mostra a esperança
da população brasileira no governo petista. No final da noite, o
presidente Eduardo Duhalde
também enviou uma nota de felicitação ao presidente eleito.
Os argentinos receberam a vitória de Lula com entusiasmo. Avaliam que ele é o mais favorável a
uma política externa regional, que
aproxime as economias dos países do Mercosul.
A expectativa na Argentina é
que o país seja o primeiro destino
das viagens internacionais de Lula. Segundo Amadeo, o governo
espera que Lula aceite o convite
de Duhalde e visite o país em 19 de
novembro. "É uma honra e um sinal muito positivo de que haverá
um impulso para nossa integração", diz. "Esperamos trabalhar
juntos pelo Mercosul, esperamos
uma relação excelente."
O chanceler Carlos Ruckauf,
que conversou ontem com o secretário de Relações Internacionais do PT, Marco Aurélio Garcia,
afirmou que "essas eleições vão
permitir à Argentina uma aproximação maior com o Brasil".
Durante a campanha, Lula cometeu um deslize que provocou
alguma irritação na Argentina, ao
dizer que o "Brasil não era uma
republiqueta qualquer, uma Argentina". Duhalde minimizou a
declaração afirmando que ela não
prejudicava as relações entre
"dois povos irmãos".
Os argentinos não deixaram de
ser simpáticos ao petista por causa da declaração e pesquisas realizadas na internet mostravam que
Lula ganharia no primeiro turno
se a votação fosse na Argentina.
Entre empresários, as reações
são diferentes. Parte diz acreditar
que a política econômica do novo
presidente deve beneficiar a Argentina. É o caso do presidente da
UIA (União Industrial Argentina), Héctor Massuh, para quem
Lula é hoje um político "maduro e
pragmático". Ele diz que, se a economia brasileira se recuperar, a
Argentina só terá a ganhar.
O presidente da Cera (Câmara
dos Exportadores da República
Argentina), Enrique Mantilla, é
mais cético. Ele diz que o PT sempre defendeu que o Congresso tivesse mais poder sobre as negociações do governo brasileiro para o Mercosul e a Alca, o que reduziria a agilidade do bloco para negociar acordos comerciais. "Há
uma inquietude na Argentina
porque não sabemos quais políticas serão adotadas pelo PT após
passar de oposição a governo."
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