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Vitória do PT agrada a pré-candidatos do país
DE BUENOS AIRES
Os dois pré-candidatos argentinos que lideram as pesquisas de
intenção de voto para a eleição
presidencial de março se sentem
fortalecidos pela vitória do petista
Luiz Inácio Lula da Silva.
Adolfo Rodríguez Saá, do PJ
(Partido Justicialista, peronista), e
Elisa Carrió, do ARI (Argentinos
por uma República de Iguais), dizem possuir afinidades com Lula
e lembram que as histórias políticas de Brasil e Argentina sempre
estiveram muito ligadas. É possível traçar um paralelo entre a política dos dois países pelo menos
desde 1976, quando o último regime militar tomou o poder na Argentina e ambos os passaram a viver sob regimes militares.
Em meados da década de 80,
tanto Brasil -governado por José
Sarney- quanto Argentina
-presidida por Raúl Alfonsín-
iniciaram um processo de redemocratização tumultuado pela
crise da dívida externa que desencadeou a hiperinflação.
No final da década, os dois países escolheram presidentes que
prometiam a resolução de todos
os problemas e se viram envolvidos em escândalos de corrupção.
A diferença foi que, ao recuperar a
economia argentina, Carlos Menem teve melhor sorte que Fernando Collor de Mello, cassado
pelo Congresso em 1992. Menem
se reelegeu em 1995 com base na
popularidade conquistada por ter
acabado com a inflação, mesma
fórmula utilizada por FHC nas
eleições de 1994 e 1998.
Agora, o líder na corrida presidencial argentina, Adolfo Rodríguez Saá, costuma dizer que, assim como Lula, quer adotar políticas de incentivo à produção nacional. Além disso, ele diz que o
Mercosul será uma prioridade e
que defenderá negociações com o
FMI que não se sobreponham aos
interesses nacionais.
Apesar de pertencer ao Partido
Justicialista (peronista, do presidente Eduardo Duhalde), Rodríguez Saá é tido na Argentina como um pré-candidato de oposição: "Não é coincidência que os
dois tenham grande popularidade. Brasil e Argentina têm histórias políticas parecidas, estão bastante ligados culturalmente e costumam enfrentar as crises com
propostas parecidas", disse Luis
Lusquiños, coordenador de campanha de Rodríguez Saá.
A pré-candidata que reagiu com
maior euforia ao êxito petista, no
entanto, foi a deputada de oposição Elisa Carrió. Em segundo lugar nas pesquisas, Carrió afirmou,
por meio de assessores, que "essa
foi a melhor coisa que poderia
acontecer" no Brasil.
A Folha apurou que parte da
cúpula do ARI considera o PT
"um modelo a seguir". Para o partido, Lula teria aberto as portas
para que a centro-esquerda latino-americana aproveite o atual
momento de crise de modelos liberais e chegue ao poder também
em outros países da região. Por isso, o ARI enviou há três semanas
uma delegação de deputados a
São Paulo para acompanhar a
campanha petista e tentar aproximar as duas forças políticas.
Os demais pré-candidatos não
acreditam que Lula poderia servir
de impulso para suas próprias
campanhas, mas também minimizam as possíveis vantagens
proclamadas pelos concorrentes.
O governador de Córdoba, José
Manuel de la Sota, e o ex-presidente Carlos Menem (1989-1999),
que ocupam o sexto e quarto lugar nas pesquisas, respectivamente, disseram não ver em nenhum
dos pré-candidatos características similares às de Lula.
(JOÃO SANDRINI)
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