São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

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PARANÁ

Após disputa acirrada com Alvaro Dias (PDT), peemedebista diz esperar transição civilizada

Requião volta ao governo após 8 anos

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O senador Roberto Requião (PMDB), 61, volta ao governo do Paraná em 1º de janeiro, pouco mais de oito anos depois de entregar o cargo ao vice, em 1993, para concorrer ao Senado. Requião derrotou ontem o ex-aliado e também senador Alvaro Dias (PDT), 57, numa das disputas mais acirradas neste segundo turno.
O peemedebista volta ao Palácio Iguaçu tomando de volta o poder que seu grupo político -do qual o derrotado de ontem também fazia parte- perdeu para o governador Jaime Lerner (PFL), por duas eleições seguidas.
Já quando votou pela manhã, Requião dava sua vitória como certa. Ele disse que vai a um encontro com Lerner ainda hoje, para acertar a agenda de transição.
"Espero que seja uma transição civilizada", afirmou. "Espero que ele [Lerner" não tome nenhuma decisão que possa comprometer a área financeira do futuro governo", disse. Lerner afirmou ontem que estará à disposição do governador eleito para conversar.
Requião é o principal adversário político do governador no Estado. Os oito anos de convivência indireta -Lerner no governo e Requião no Senado- foram marcadas por confrontos.
No Senado, o futuro governador foi o responsável pelas principais denúncias que comprometeram o governo do PFL.
Como Alvaro, Lerner sai derrotado destas eleições. Ele apoiou o tucano José Serra à Presidência da República, e Beto Richa (PSDB), terceiro colocado no primeiro turno da disputa a sua sucessão. Declarou neutralidade no segundo turno no Paraná, mas o prefeito de Curitiba e apadrinhado seu, Cassio Taniguchi (PFL), apoiou e movimentou seu grupo político em favor de Alvaro, mas não conseguiu reverter o favoritismo do peemedebista na capital.
Na contabilidade final, Requião conseguiu 55,15% dos votos válidos, contra 44,85% de Alvaro Dias. O pedetista também perdeu em Curitiba e na maioria das cidades maiores, exceto em Londrina, sua base eleitoral.
O candidato derrotado disse ter perdido a eleição para a "onda Lula". Requião, que é amigo de Lula, vinculou sua campanha ao presidenciável petista desde o fim do primeiro turno.
O pedetista também reclamou da divulgação das pesquisas de véspera, que davam sua eleição como perdida, e disse que vai trabalhar pela proibição da divulgação das sondagens no dia que antecede a eleição.
"Vou ser o cobrador das promessas feitas", disse Alvaro ontem à noite. Ele terá mais quatro anos de mandato no Senado.
Ontem Lerner não declarou seu voto ao governo. A primeira-dama, Fani Lerner, no entanto, disse que votou em Serra e Alvaro.
Na entrevista que concedeu na noite de ontem, o governador eleito disse que comporá seu governo com as forças políticas que o apoiaram no segundo turno. Ele atraiu o PT, o PPS, o PL e partidos menores para seu lado, além da adesão de caciques do PFL e do PSDB, como o presidente estadual do PFL, ex-governador João Elísio Ferraz de Campos, e o presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB).
Nos últimos dias da campanha, o ex-ministro Rafael Greca (PFL), também abriu seu apoio ao peemedebista, escancarando o racha que se instalou no PFL-PR.
Requião leva para o governo do Estado uma nova força política, centrada na aliança PMDB-PT.
O futuro governador confirmou que o irmão Maurício Requião (PMDB) será o futuro secretário da Educação. Ele também adiantou o vice, deputado estadual Orlando Pessuti (PMDB), na Secretaria da Agricultura. O restante da equipe será decidido em negociação com os partidos de apoio.



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