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PARANÁ
Após disputa acirrada com Alvaro Dias (PDT), peemedebista diz esperar transição civilizada
Requião volta ao governo após 8 anos
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O senador Roberto Requião
(PMDB), 61, volta ao governo do
Paraná em 1º de janeiro, pouco
mais de oito anos depois de entregar o cargo ao vice, em 1993, para
concorrer ao Senado. Requião
derrotou ontem o ex-aliado e também senador Alvaro Dias (PDT),
57, numa das disputas mais acirradas neste segundo turno.
O peemedebista volta ao Palácio
Iguaçu tomando de volta o poder
que seu grupo político -do qual o
derrotado de ontem também fazia
parte- perdeu para o governador
Jaime Lerner (PFL), por duas eleições seguidas.
Já quando votou pela manhã,
Requião dava sua vitória como
certa. Ele disse que vai a um encontro com Lerner ainda hoje, para acertar a agenda de transição.
"Espero que seja uma transição
civilizada", afirmou. "Espero que
ele [Lerner" não tome nenhuma
decisão que possa comprometer a
área financeira do futuro governo", disse. Lerner afirmou ontem
que estará à disposição do governador eleito para conversar.
Requião é o principal adversário
político do governador no Estado.
Os oito anos de convivência indireta -Lerner no governo e Requião no Senado- foram marcadas por confrontos.
No Senado, o futuro governador
foi o responsável pelas principais
denúncias que comprometeram o
governo do PFL.
Como Alvaro, Lerner sai derrotado destas eleições. Ele apoiou o
tucano José Serra à Presidência da
República, e Beto Richa (PSDB),
terceiro colocado no primeiro turno da disputa a sua sucessão. Declarou neutralidade no segundo
turno no Paraná, mas o prefeito de
Curitiba e apadrinhado seu, Cassio Taniguchi (PFL), apoiou e movimentou seu grupo político em
favor de Alvaro, mas não conseguiu reverter o favoritismo do
peemedebista na capital.
Na contabilidade final, Requião
conseguiu 55,15% dos votos válidos, contra 44,85% de Alvaro
Dias. O pedetista também perdeu
em Curitiba e na maioria das cidades maiores, exceto em Londrina,
sua base eleitoral.
O candidato derrotado disse ter
perdido a eleição para a "onda Lula". Requião, que é amigo de Lula,
vinculou sua campanha ao presidenciável petista desde o fim do
primeiro turno.
O pedetista também reclamou
da divulgação das pesquisas de
véspera, que davam sua eleição
como perdida, e disse que vai trabalhar pela proibição da divulgação das sondagens no dia que antecede a eleição.
"Vou ser o cobrador das promessas feitas", disse Alvaro ontem
à noite. Ele terá mais quatro anos
de mandato no Senado.
Ontem Lerner não declarou seu
voto ao governo. A primeira-dama, Fani Lerner, no entanto, disse
que votou em Serra e Alvaro.
Na entrevista que concedeu na
noite de ontem, o governador eleito disse que comporá seu governo
com as forças políticas que o
apoiaram no segundo turno. Ele
atraiu o PT, o PPS, o PL e partidos
menores para seu lado, além da
adesão de caciques do PFL e do
PSDB, como o presidente estadual
do PFL, ex-governador João Elísio
Ferraz de Campos, e o presidente
da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB).
Nos últimos dias da campanha,
o ex-ministro Rafael Greca (PFL),
também abriu seu apoio ao peemedebista, escancarando o racha
que se instalou no PFL-PR.
Requião leva para o governo do
Estado uma nova força política,
centrada na aliança PMDB-PT.
O futuro governador confirmou
que o irmão Maurício Requião
(PMDB) será o futuro secretário
da Educação. Ele também adiantou o vice, deputado estadual Orlando Pessuti (PMDB), na Secretaria da Agricultura. O restante da
equipe será decidido em negociação com os partidos de apoio.
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