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São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2003

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PAINEL

Saída pirotécnica
A ofensiva de mídia de Duda Mendonça, que no fim de semana proclamou em vários veículos sua intenção de não renovar contrato com o PT, foi interpretada pelo mercado publicitário como uma vacina contra prejuízos imediatos e futuros.

Ruim para os negócios
Apresentando-se como vítima da imprensa, o marqueteiro de Lula busca dissipar a percepção de que manda demais. Duda teme que, para amainar esse diagnóstico, o governo entregue algumas de suas melhores contas publicitárias a outras agências.

Tostão contra milhão
Duda receberá R$ 3 mi do PT neste ano. A Petrobras, dona da mais cobiçada conta governamental, gastou R$ 190 mi com propaganda em 2002. O marqueteiro trava pesada batalha de bastidores na tentativa de vencer a licitação da estatal.

Pegos de surpresa
José Genoino, presidente do PT, e Delúbio Soares, tesoureiro da sigla, souberam da decisão de Duda pelo noticiário. Reclamaram com Lula e Luiz Gushiken (Comunicação de Governo), cientes havia uma semana.

Em termos
O anunciado retiro de Duda não o impedirá de fazer a campanha petista pela reeleição à Prefeitura de São Paulo, mãe de todas as disputas de 2004.

Sinal invertido
Faixa afixada no congresso da Internacional Socialista, em SP, trazia o símbolo da entidade invertido. Em vez do punho esquerdo, o direito segurava uma flor. Participantes apressaram-se em fazer piada: com o governo do PT, ninguém mais distingue direita e esquerda no Brasil.

Afago socialista
Leonel Brizola será indicado hoje presidente de honra da Internacional Socialista. Terá de obter a maioria dos votos entre os delegados que participam do 22º congresso da entidade.

Hora de assoprar
O Planalto orientou técnicos da Casa Civil a aumentar as exigências ambientais no projeto de lei dos transgênicos, a ser enviado ao Congresso nos próximos dias. O governo quer satisfazer Marina Silva (Meio Ambiente) e deixar que prováveis mudanças no texto sejam creditadas aos parlamentares.

Antivazamento
Nas últimas duas reuniões ministeriais sobre transgênicos, Lula instituiu uma espécie de "lei da mordaça". Na avaliação do presidente, tanto Marina Silva quanto Roberto Rodrigues (Agricultura) vazaram informações para a imprensa na tentativa de bombardear as propostas do grupo adversário.

Sinfonia eleitoral
Alckmin tem convidado empresários para conhecer unidades da Febem. Pretende convencê-los a financiar projetos. De olho em 2004, o governador tenta melhorar a imagem da fundação, que oferece munição a adversários. Já conseguiu R$ 1 milhão para instrumentos da orquestra dos menores infratores.

Coleira de dragão
A Itaipu decidiu congelar a tarifa da energia que repassa às empresas distribuidoras. Em 2004, o preço será de US$ 17,55 por kW/h, mesmo valor cobrado desde o ano passado. O congelamento faz parte da estratégia do governo de, com o auxílio das estatais, segurar a inflação em 2004, ano eleitoral.

Vai e volta
A Funai lançou ontem concorrência para a contratação de uma empresa que irá vigiar o posto da instituição em Barra do Corda, no Maranhão. O órgão é subordinado ao Ministério da Justiça, também responsável por gerenciar a Polícia Federal.

TIROTEIO

Resposta de Marilena Lazzarini, coordenadora-executiva do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, a Roberto Rodrigues (Agricultura), para quem o mercado definirá a parcela de transgênicos na agricultura:
-Os consumidores esperam que o ministro se empenhe no cumprimento das leis ambientais e de saúde, em vez de fazer o papel de garoto-propaganda dos transgênicos ao tentar transferir atribuições do Estado para o mercado.

CONTRAPONTO

Temperamento em crise

Na semana passada, o presidente do Senado, José Sarney, participou de um café da manhã em Nova York com o cônsul-geral do Brasil na cidade, Júlio César Gomes dos Santos. Levou consigo Augusto Marzagão, seu secretário particular na passagem pela Presidência.
Os três discutiram as crises geradas no governo Lula pelas viagens dos ministros Benedita da Silva e Agnelo Queiroz. Em seguida, passaram a conversar sobre problemas como a tensão na Bolívia e a deterioração social na Argentina. O cônsul-geral, então, perguntou a Sarney:
-Como o senhor definiria, nos dias de hoje, um otimista?
Entre risadas, Sarney afirmou que, diante de tantas crises, as pessoas passarão a acreditar que a situação não pode piorar. E, invertendo uma conhecida frase, decretou:
-Hoje, o otimista é um pessimista bem informado.


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