|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESQUERDA NO DIVÃ
Para o ministro da Casa Civil, houve um "desmantelamento" do país e Lula fez "mais do que era possível"
Dirceu insiste na "herança maldita" de FHC
DA REPORTAGEM LOCAL
Durante os trabalhos do 22º
Congresso da Internacional Socialista, o ministro José Dirceu
(Casa Civil) fez um discurso crítico em relação ao governo do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso. Para a platéia de socialistas, afirmou que a gestão anterior proporcionou um "desmantelamento" do país e que o governo Lula "fez mais do que era possível", tendo em vista a situação
em que o Brasil se encontrava
quando o PT assumiu.
O ministro e FHC vêm travando
um bate-boca público. Fernando
Henrique disse que faltava "criatividade" ao governo atual. Dirceu
respondeu dizendo que o ex-presidente tinha de cuidar de sua biblioteca e de seus netos. FHC reagiu e afirmou que o ministro-chefe tem vocação autoritária.
Em um discurso de pouco mais
de meia hora, Dirceu citou três vezes a palavra "herança", sendo
que, na segunda vez, classificou-a
como "maldita". Disse ainda que,
de 1997 a 2002, o Brasil "quebrou"
três vezes.
De acordo com o ministro, devido ao elevado grau da dívida, o
Estado hoje "não poupa, retira
poupança da sociedade". "O Brasil viciou muita gente a viver de
renda", completou.
O ministro-chefe defendeu uma
mudança nas relações internacionais para haver crescimento econômico e criticou as políticas do
FMI para os países pobres.
"Um país com a dimensão do
Brasil não crescerá apenas com
investimentos externos, com
acesso a mercados externos e tecnologia. Mas é verdade que, com
as atuais políticas dos mercados
internacionais, com a desregulamentação do capital financeiro e
com as políticas do FMI, é improvável que cada país consiga superar suas dificuldades internas sem
mudança radical na situação internacional", declarou para cerca
de 200 pessoas.
Justificou a ortodoxia adotada
pela equipe econômica ao explicar que o superávit de 4,25% do
PIB e o contingenciamento de
R$ 14 bilhões eram a única forma
de superar a crise para recuperar
os investimentos.
O ministro defendeu ainda a retomada da função dos bancos públicos como fomentadores do desenvolvimento. "Nos últimos
anos, o setor financeiro público,
composto pelo BNDES [Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social], perdeu o seu
papel de banco de fomento e passou a ser mais um banco comercial. Passou a financiar privatizações", disse o ministro, que apontou a reorganização do setor público e do aparelho de Estado como uma das iniciativas mais importantes do governo Lula.
Dirceu também criticou as privatizações ao dizer que elas foram
o motivo da crise no setor elétrico
por que passou o Brasil.
O senador Aloizio Mercadante
(PT-SP), como Dirceu, criticou a
privatização da economia na gestão anterior. Ele afirmou que, no
passado, as contas brasileiras
eram fechadas com dinheiro "das
privatizações, da desnacionalização da economia e do endividamento crescente do país". "Não
precisamos mais privatizar."
Texto Anterior: Filiação à Internacional divide PT Próximo Texto: Frases Índice
|