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RUMO A 2004
Genoino diz que é "fantasia" petistas terem divulgado acusações contra Paulinho; sindicalista "suspende relações" com PT
Dossiê eleitoral cria bate-boca entre políticos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Força Sindical,
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho,
disse ontem que as relações que
mantém com o PT "estão suspensas" até que membros do partido
esclareçam se participaram da divulgação de acusações contra ele.
Paulinho se refere à reportagem
da revista "Veja" do último final
de semana, que lista uma série de
petistas que teriam trabalhado, no
ano passado, para divulgar acusações e dossiês contra políticos
-inclusive contra Paulinho, que
era candidato a vice-presidente
na chapa de Ciro Gomes (PPS).
"O Osvaldo Bargas [um dos que
teriam trabalhado na divulgação
de acusações] é hoje o coordenador do Fórum Nacional do Trabalho. Como é que vou participar
das reuniões agora?", pergunta o
presidente da Força Sindical.
No ano passado, Paulinho acreditava que as acusações contra ele
teriam partido do então candidato do PSDB a presidente, José Serra. "Acho que vou ter de pedir
desculpas ao Serra", declarou.
Providências
Hoje, Paulinho pretende se reunir com a direção da Força Sindical e com o advogado da entidade.
"Vou verificar quais providências
podem ser tomadas do ponto de
vista jurídico", afirmou ele.
"Isso é fantasia. Não estava na
campanha nacional, porque disputava o governo do Estado de
São Paulo, mas posso dizer que é
muita fantasia", disse o presidente do PT, José Genoino (SP).
O grupo que teria feito a divulgação das acusações era composto por membros da CUT (Central
Única dos Trabalhadores), como
Osvaldo Bargas. O presidente da
CUT, Luiz Marinho, nega as informações da revista. Segundo
ele, foi uma armação de "gente interessada em criar intrigas".
Amnésia geral
O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, tem uma avaliação diferente da de Paulinho. Para
ele, muitas das informações divulgadas pela revista "Veja" não
seriam corretas. Além disso, o ministro continua a atribuir à equipe
do então candidato do PSDB a
presidente, José Serra, a responsabilidade pelo que ele classifica de
"baixarias".
"Eu quero que se faça uma reportagem sobre o subterrâneo e
as baixarias de todas as campanhas. Aí a gente vai ver se havia
originalmente um envolvimento
violento da parte do Serra com escuta telefônica, com firma de espionagem telefônica paga pelo
Ministério da Saúde", declarou o
ministro Ciro Gomes.
A Folha tentou entrar em contato com José Serra, que está nos
Estados Unidos, mas não conseguiu localizá-lo ontem.
No caso das acusações contra
Paulinho, envolvendo o suposto
uso indevido de recursos do FAT
(Fundo de Amparo do Trabalhador), Ciro Gomes diz ser "mentira" que a operação de ataque tenha partido do PT. Credita o episódio à então ministra Anadyr de
Mendonça (Corregedoria Geral
da União). "Foi a dona Anadyr.
Parece até que há uma amnésia
geral sobre o caso", afirmou ele.
O ministro diz que "nem remotamente" sente algum abalo no
relacionamento que tem com o
PT. Indagado sobre a decisão de
Paulinho de suspender suas relações com o governo, Ciro Gomes
disse: "É de uma inocência grande. O Paulinho já é adulto. Ele sabe dos elementos fartos que mostraram aquela coisa toda. Ele sabe
qual é a origem. Será que esquecemos tudo isso? É amnésia, é?".
Fim do mito
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que as
revelações de "Veja" acabam com
o mito de que Serra "era o 007" da
campanha eleitoral. "Eles é que
estavam bisbilhotando."
Virgílio desafiou o ministro Ciro Gomes a interpelar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre
as denúncias.
"Se essa era a razão da raiva que
o Ciro manifestava do Serra, quero ver o que ele diz agora. Será que
quem nomeia é inocente? É muito
cômodo continuar acusando o
Serra, que perdeu a eleição", declarou o tucano.
Apresentado a esse questionamento, Ciro Gomes disse que nada teria a declarar. "Essa reportagem é um furo n'água", declarou.
O presidente do PSDB, José
Aníbal (SP), disse que os tucanos
devem avaliar hoje as denúncias
sobre a suposta tropa de choque
que o PT teria montado na campanha eleitoral para proteger Lula
de ataques e armazenar denúncias contra candidatos dos partidos adversários.
CPI
Os tucanos avaliam a possibilidade de convocar uma CPI para
apurar as denúncias, mas para isso precisariam contar com o
apoio de outras forças do Congresso Nacional, pois atualmente
são minoritários.
Outra hipótese em avaliação é
recorrer ao Judiciário, talvez por
meio de interpelações judiciais.
"O PT virou Partido da Transgressão", diz Aníbal.
"Se eles fizeram isso na oposição, é legítimo questionar o que
eles podem fazer no poder", afirma o dirigente tucano.
"Eles aparelharam ministérios
como o da Saúde. É ruim para a
administração, que tem um desempenho medíocre, mas tudo
bem. O problema é quando o PT
começa a aparelhar órgãos estratégicos como a Polícia Federal, os
bancos estatais e a Receita Federal", disse Aníbal.
Colaborou FABIANA FUTEMA, da Folha
Online
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